sexta-feira, 2 de maio de 2008

TOLEDOLÂNDIA!

A gente não sabe se foi só porque era feriado ou se é sempre daquele jeito, mas a cidade murada de Toledo foi invadida por turistas-tipo-disney. A catedral - que é deslumbrante e gigantescamente uma das maiores do cristianismo - lota: rezar lá em silêncio, nem pensar! Só na capelinha... A praça - principalmente na hora do almoço - é o mesmo inferno dos parques infantis abarrotados de gente disputando uma mesinha e um hamburguer. E depois da hora do almoço continua cheio, mas de gente no ponto de ônibus, fazendo fila pra ir embora. Mesmo assim, vou te contar, é muito legal.

Eu consegui fugir do stress e descobri que, quanto mais longe da praça e da catedral, mais tranquilo, mais vazio, mais bonito, mais lugarzinhos pra descobrir e mais Toledo de verdade. Longe da rua comércio, há um ou outro restaurante - e sem gente desesperada e barulhenta - e as casinhas das pessoas são incríveis... você vai andando e, se der sorte, dá pra ouvir várias conversas que vêm de dentro das casas... há portas e janelas abertas e eles falam alto paca. A melhor de todas pra mim foi uma senhorinha que gritava qualquer coisa - com a voz da Mirian Muniz - e a filha dela não entendia, então gritava de volta "que buscas, mamá?". E a velha repetia, e nada. Eu também não entendia, era um rosnado. Na quinta vez, a mulher compreendeu: "ah, bien, se no quieres nada por que gritas?". E a velha respondeu com outro rosnado, mas que eu entendi: "GRITO PORQUE ME GUSTA GRITAR!". Foi muito engraçado.

Enfim, caminhei por mil ruelas e vielas de Toledo e imaginei um monte de coisas de quando aquilo era de verdade e não tinha ponto de ønibus, nem praça de alimentação, nem Mc Donalds, nem Zara, nem Lan House. E foi lindo imaginar. Então, Toledo pra mim, embora tenham destruído muito da ilusão abarrotando o lugar de lojas etc, Toledo pra mim é uma catedral de dimensões estratosféricas, em volta da qual foi-se construindo uma cidadezinha em ruelas que poderia ser o labirinto do Minotauro. Sim, eu me perdi lá dentro - várias vezes.

Ah, e ao redor da cidade murada, uma outra cidade gigantesca não pára de crescer. Há já muitos hotéis, e restaurante, e bares, e uma arena de shows, e agito e trânsito... E há muito mais sendo construído. Eu achei uma pena. Mas amei o que vi nos becos escondidos da cidadela. É preciso explorar.

Labirinto
O poema hoje
se perdeu
pelas ruas perdidas
de Toledo.



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