segunda-feira, 26 de maio de 2008

NUNCA SEM MINHA MÃE...

...but now. Daysi se fue. De volta ao mundo real. Quase um mês depois, a primeira fase da viagem – de carro avec ma mére - c’est finit.

Portugal: Lisboa, Cascais, Estoril, Evora . Espanha: Merida, Toledo, Alcañiz, Tarragona, Barcelona, Montserrat, Cadaques . França: Carcassone, St Remy de Provence, Beaux de Provence, Avignon, Aix en Provence, Cannes, Nice, Paris - Monaco . Itália: Rapallo, Santa Marguerita, Portofino, Lucca, Pisa, Firenze, Siena, Roma

Não foi pouco, não. E a Dona Daysi aguentou firme as minhas longas caminhadas por cada lugarzinho por onde passamos. Bem, de vez em quando ela se enchia, mas piano piano foi a lontano. E ninguém nunca acreditou quando ela pedia o desconto para os mais velhos.

Brigamos um pouquinho, mas rimos MUITO. Por causa da coisa, do coiso. Ela se protegeu da chuva com casaco, blusa, papel, papelão, guarda-chuva fechado, aberto, quebrado. Conversamos bastante com a Maria e mandamus ela não encher quando disse: há quarént klómetrosh, prrúbléma. Mas também choramos de rir com as rrrutundash e os se pssível faça a inversão d’márcha. Ah, e siga o itinerário actuall, quando ela não fazia a menor idéia de onde estávamos. Vimos muita, mas muita, mas muita gente parecida com nossas gentes, com a coisa e com o coiso.

A mamãe se sentiu a vovó quando eu disse que ia ali e já voltava e ela quis ir, mas eu disse não porque você anda devagar, fica aqui sentada que eu jå volto. E também rimos da turma que chegava sempre um pouquinho antes da gente, ou depois, e das guias com seus coisos nas mãos. Xingamos os mal-educados, pagamos os cafés pra fazer xixi, e xingamos mais ainda o italiano estúpido que nos mandou na chuva se não íamos consumir e o hotel Madison com aquele quarto japonês horroroso com estrelas no teto. Na última noite, a mamãe ficou contando estrelas, assistindo mudar de cor, narrando tudo pra mim e coisa.

Ah, e também ficamos de papo e perdemos a estação do metrô e quase pegamos o ônibus pro lado errado. E ela saía com a sacolinha pra carregar coisa e entrava nas lojas, saía, dava graças a Deus que não tinha comprado coisa e depois se arrependia. E também errava os caminhos um pouco, mas fingia que tava tudo bem. E parava pra olhar umas coisas que até agora não entendo, como por exemplo a placa de proibido andar em frente, que é vermelha com uma faixa branca no meio – e você não tem muito o que ficar vendo nela. Enfim.

Também lembramos muito do papai. Mais ou menos todos os dias. Comemos mariscos e camarões, comemoramos algumas comidas maravilhosas e resmungamos depois das porcarias que comemos nas praças onde as turmas também comiam. Descobrimos que tem gente que come pescoço de frango em restaurante chique e gostamos do menino que veio falar o cardápio sentadinho na mesa conosco. E a Daysi deitou pra dormir no 5 estrelas e deu um suspiro – ai, finalmente tô em casa. Eu dormi rindo vários dias por essas e outras. E porque ela dormia e quando se virava fazia ai ai ai – afinal andou tanto que o corpo tinha que doer um pouquinho mesmo.

Rimos também nas ruas apertadas de Lucca e com ela lembrando do papai dirigindo em Roma e dos caminhos errados que ele pegou com o tio Charles e tia Lilian na Provence. Jogaram o mapa pela janela de raiva. E voltaram pra pegar porque só tinha aquele. A Maria e seus óbliq a eshquerda não existiam ainda.

Mas, o top da risada – ao lado de todos os momentos coisa – foi quando ela olhou bem pro desenho com as linhas do metrô, colocou o dedo firme numa estação, e disse pra mim, categorical É PRA CÁ. Eu, só pra garantir, perguntei despretenciosamente, tem certeza? E ela, categórica de novo: NENHUMA! Na sequéncia me joguei no chão do metró e fiquei rindo ali por uma semana.

Enfim, e milhões de outros momentos que vamos lembrar cá e lá, pela vida. Mas agora as risadas viajam aqui comigo, só comigo, comigo só. Às vezes vão se misturar com lágrimas de saudade – que eu já estou sentindo desde a hora em que ela partiu – depois de andarmos pelo aeroporto inteiro pra pegar o tax free. Desgraçados dificultam esse refund ao máximo que podem, que é pra você desistir. Mas nós, turcas fomos firmes e fortes, de trenzinho de terminal em terminal, e brigando um pouquinho só pra despedir com dignidade. E pegamos o dinheirão.

Eu tenho manias e ela reclama. Mas somos nós, assim, e sempre juntas.

Mãe, obrigada por tudo. Atutelér!
(lágrimas e riso no ponto final)
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Um comentário:

Anônimo disse...

Minha querida amiga ... quantas alegrias mais irá nos proporcionar? Será que imagina o tamanho da minha felicidade ao receber sua mensagem pelo celular??
Que nossas andanças pelo mundo nos rendam muitos e muitos encontros, quanto às risadas essas são garantidas!
Nossa viagem foi incrível, um sonho!! No último dia encontramos o CAMPEÃO DA DANÇA FEIA (Fique tranquila que o Gu fez questão de registrar o momento só para lhe mostrar ... ele está te mandando um grande beijo!!).
Estou aqui ... enviando toda energia positiva ... para que essa nova fase da sua viagem se revele uma coleção de histórias que ansiosamente aguardo ouvir.
Um beijo da sua amiga, Marcela Emiliozzi