sexta-feira, 30 de maio de 2008

POR QUE A MONALISA?

Ah, o Museu do Louvre... Mágico estar lá dentro. Foi mesmo. Me senti um pouco no Código Da Vinci, não vou mentir. Mas isso é outra história. E a minha história com esse lugar já é bem mais interessante do que um best seller. Allez.

Vi de tudo no Louvre. Gente passeando, gente estudando, gente lendo. Até gente dormindo eu vi. Vários, juro. Vi crianças aprendendo sobre arte, sobre beleza (!), ou sobre isso que chamamos de vida. Vi jovens, velhos, calmos, afobados, lindos, bonitos, feios, horrorosos. Vi pretos, brancos, coloridos. Vi gente olhando, gente não vendo nada, gente querendo ir embora logo. Gente legal e gente chata. Casais, professores, freiras. Vi de tudo no Louvre. Até a Monalisa eu vi. E, então, eu me pergunto: por que a Monalisa??

Por que a Monalisa?

Veja só: diante dela, aquela coisa minúscula, tem uma tela gigantesca, extraordinária, maravilhosa: Bodas de Caná. E todo mundo dá as costas às Bodas de Caná só para ficar olhando aquele quadrinho famoso. Para disputar um lugarzinho e conseguir uma foto da Monalisa em sua redoma de vidro - eu também fiz isso. Mas, quando me virei e vi as tais bodas, me perguntei, por que aquilo é mais belo do que isto? Não sei a resposta. E, na sala seguinte, há mais de uma dúzia de telas gigantes e lindas, e bem interessantes. Então por que a Monalisa?

O museu tem uma quantidade inimaginável de telas. Além de todos os outros museus de todas as outras cidades e países, com quadros fantásticos, de pintores incríveis. Pois me diz: POR QUE, raios, a feiota da Monalisa?

Olhar misterioso? Sorriso que te segue? Aquela coisa especal dela? Tá bom, eu entendo, juro. Mas não me basta. E todos os outros olhares sensacionais de todas as outras milhares de figuras de todos os pintores franceses, italianos, espanhóis, e todos os outros do mundo inteiro?

Por que, Santíssima Trindade, a Monalisa?

Por que uns dão certo na vida e outros não?
Por que uns lugares viram moda e outros não?
Por que algumas pessoas estão onde querem e outras não?
Por que uns sonhos se realizam e outros não?
Por que alguns se amam para sempre e outros não?

A resposta deve ser a mesma para todas essas perguntas.
E a Monalisa, coitada, fica lá naquela redoma de vidro, cercada de correntes. Sufocada por japoneses e suas máquinas.
Deixem a Monalisa em paz!
Achei até que ela está com uma carinha de cansada...
Dê meia volta, e aprecie as bodas. Ainda que você não as tenha.


COMO SE NADA ESTIVESSE ACONTECENDO
E aí eu fui andando e pensando: mas como isto aqui existe? Como trouxeram tudo pra cá? Como peduraram tudo isso, como carregaram os pedestais e esses homens enormes incrvelmente pesados, e seus cavalos, e leões? E pelamadrugada, como é que limpam esse negócio, essas janelas, as estátuas lá fora?? Como é que vão fazer tudo isso continuar existindo para todas as próximas e próximas e próximas gerações?

E como dá tudo certo todo dia?

E essa gente que trabalha nas salas? Será que eles trocam de lugar ou cada um é condenado a passar a eternidade vendo a mesma obra de arte todo dia? E será que eles nunca têm vontade de bater em algum visitante? E as perguntas, são sempre as mesmas? E as pessoas que ficam ali, vivendo, passando pelo Louvre todo dia, dormindo à beira do chafariz, como se nada estivesse acontecendo? Digo, como se aquela grandiosidade não fosse nada demais... Como se dá isso? Como se nada estivesse acontecendo... Isso realmente me intriga.

Mas, sério, por que a Monalisa?
.
.

Nenhum comentário: