sexta-feira, 9 de maio de 2008

BANHEIROS DE PROVENCE

Não, ninguém nunca tinha me contado que na França há banheiros sem privada. Pois eu descobri sozinha no primeiro banheiro em que fui – apertadíssima – fazer xixi, na primeira cidade em que passei na França: Arles, na Provence.

Você não pode só pedir pra ir ao banheiro num restaurante, hotel ou coisa que o valha. Se pedir, eles dizem que não tem ou te mandam embora depois de te insultar com alguma palavra que você não conhece. Então, como sempre, sentados em qualquer lugar e pedimos um café. No meu limite, lá fui eu – animada – ao toilete. Ou est? C’est ça. Merci.

Corro, entro, fecho a porta, me viro e… voilá! C’est pas de privada. Tudo o que vejo é uma pia e um buraco no chão. Gente, fala sério. Não é aqui. Entrei na porta errada. Abri. Olhei. Tava lá a menininha de vestidinho na plaquinha pregada na porta. É aqui mesmo, meu Deus. Fechei a porta. Dei umas risadas e, tá, né. Se é isso, vamos lá. Fiz xixi de pé gargalhando e me achando uma louca – eu ainda tinha certeza de que alguma coisa estava errada.

Voltei pra mesa correndo pra contra pra minha mãe, coitada, que era a próxima no xixi. E adivinha! – Ai, Juliana, como você é caipira, filha. Vai me dizer que não sabia que na França muitos banheiros não tem privada!... Não, eu não tinha a menor idéia. Mas como Deus me ajuda, aquele foi o único da espécie que encontrei pelo meu caminho francês.

COLEÇÃO DE PINICOS
Por falar em banheiro, eu devia ter feito uma coleção de fotos de banheiros de restaurantes na França. For a esse sem privada, que seria o abre-alas da collection, os outros eram todos um tanto inusitados. A maioria ficava em lugares onde parece que “encaixaram” um banheirinho, como se não existisse no projeto inicial da casa. E sempre me aparecia algum detalhe curioso ou interessante. Meus dois favoritos, só pra citar alguns: em Saint Remy estavam desenhados na parede do banheirinho minusculo os rostos de Gandhi e de Martin Luther King, com frases deles em francês escritas em letras quase indecifráveis. Era bonito. Em Avignon, no Brigadeiro del Teatro, tinha prateleiras atrás da privada com uma coleção incrível de pinicos!! Juro. Tinha uns 11, 15 ou 17. Haha. E, na parede, uma foto PB bem antiga, com 7 crianças. Seis meio que sorriam, a do meio, que me deu dor de barriga de rir, estava agachada, com aquela cara de que vai começar a chorar, segurando um pinico vazio. Certamente ela fez cocô na calçola. Eu ri muito. No banheiro e depois na mesa, com a minha mãe, que tinha reparado na mesma criança cagona.

DIAS À PROVENÇAL
Na Provence, passei pelas estradinhas mais lindas que já vi. Dirigir ali é um presente de Deus. St. Remy, Beaux de Provence, Avignon, muitas villes por onde só passamos e Aix en Provence. Tudo por aquelas alamedas margeadas por árvores verdíssimas e começando a ficar cheias e cheíssimas de folhas. Quase-túneis de árvores, sabe? Eu ia passando e pensando naqueles filmes antigos em que casais sempre aparecem viajando por estradinhas como essas. Mas é cenário porque no final, o filme é de suspense e alguém mata alguém em alguma casinha isolada no meio das årvores provencianas. A beleza do lugar é só um golpe de direção. (“Golpe de direção”… pegou? Hahaha.)
.

Nenhum comentário: