segunda-feira, 16 de junho de 2008

BERLIM DE LÁGRIMAS

Eu não tenho exatamente nenhuma ligação concreta com a comunidade judaica, com o nazismo, com a história de morte e destruição protagonizada pela Alemanha. Mas, quem não tem? E se você vier a Berlim talvez descubra com dor, como eu descobri hoje, que a sua ligação com tudo isso é bem mais forte do que você poderia pensar. Pelo menos pra mim, foi como se a minha família tivesse estado ali.

Hoje eu chorei muito. Acho que foi meu dia de maior tristeza durante essa viagem. Já tinha sentido isso lá em Amsterdam quando visitei a casa da Anne Frank. Esqueci de falar sobre isso. Foi tão tocante entrar no lugar onde eles se escondiam e onde ela escreveu o diário que eu mal conseguia falar por horas a fio. Tem um depoimento do pai dela na saída da casa, um vídeo, onde ele diz que conheceu mesmo a filha lendo o diário... os desejos, as críticas, os pensamentos mais profundos dela. E no final ele diz que, com isso, chegou à conclusão de que a maioria dos pais não conhece a profundeza dos seus filhos. Mas o que mata mesmo é pensar que a Anne Frank morreu um mês, SÓ um mês antes de libertarem todo mundo. E ela nem sabia que o pai estava vivo. Morreu pensando que não tinha mais ninguém. E era uma menina. Escritora e sonhadora. É devastadoramente triste.

Bom, mas e aí, hoje, fui lá no CheckPointCharlie, nos fragmentos do muro e no museu que mostra as pessoas que conseguiram fugir, as tentativas, os apetrechos que eles usavam. É tão intenso... Eu andei por aquelas salas quase sufocada de tanta história e desespero. Um sentimento difícil de descrever, emocionalmente falando. Porque de físico a sensação é esta: sufocamento, nó na garganta e vontade de chorar.

Andei as ruas de Berlim na maior choradeira. Não conseguia mais parar.
Se alguém contasse a história dessa Guerra, desse muro, desse absrudo, ninguém ia acreditar. Iam jurar que era filme.

Pelo menos eu reguei as gramas da cidade...
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