sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O TEMPO

Foi como num passe de mágica. De um dia para o outro. Sábado começa o outono, disseram. E começou MESMO. Depois de dois meses de absoluto calor e sol, sol, sol, todo dia, todo dia, todo dia, há uma semana faz frio e, dia-sim-dia-não, chove em Firenze. Foi assim, juro. De um dia para o outro a temperatura caiu 10 graus e a cidade mudou. Começou o outono.

Para mim é chato. Porque para mim Firenze é cidade de sol e calor. Eu conheci esse lugar assim e fui feliz todo dia aqui assim. Apesar do calor in-su-por-tá-vel. Era feliz demais acordar todos os dias com aquele sol, aquele céu azul, e fazer tanta coisa naqueles dias longos que só escureciam depois das dez da noite, e ver aquele pôr-do-sol lindíssimo todo fim de tarde na Ponte Vecchio. Todo dia. Como era feliz sair sem casaco na cintura, sem guarda-chuva, sem preocupação e com o coração quente. E estudar na praça, e tomar sol de bici, e almoçar, jantar, viver ao ar livre... Como era feliz!

Certamente a mudança do tempo me faz ter uma estranha, mas tranqüila, sensação de que este é o tempo certo. O meu tempo certo de ir embora. O tempo certo para o fim do último tempo desta viagem - que já teve uma bela de uma prorrogação. É tempo de voltar pra casa.

CALÇADAS QUEBRADAS
Acho que o céu era sempre tão azul e o sol era sempre tão brilhante e quente, que eu não olhava muito para baixo. Mas estes dias tenho olhado, já que, com chuva, ando menos de bici e mais de sapato (alto). E estou desesperada com as calçadas de Firenze. São insuportavelmente apertadas, quebradas, sujas e "inandáveis".

É verdade que eu já tinha tropeçado algumas vezes e quase caído mais de mil, mas nunca tinha, de fato, me incomodado ou parado pra achar ruim. Porém agora, além de tudo, os buracos nas calçadas ficam cheios de água da chuva e você vive metendo o pé em poça d'água porque não dá pra desviar de todas. Fora que tudo aqui vive em obra e as obras comem as calçadas.

CLIMA PODEROSO
Mas não importa. A calçada era um adendo para registrar o poder do tempo. Do tempo que passa, do tempo que muda e do tempo que determina humores e comportamentos.

A gente que não tem isso no Brasil, às vezes não imagina a diferença brutal entre tudo e todos numa cidade que tem verão quentíssimo, outuno chuvoso, inverno freddo freddo e depois a primevara cheia de esperança... Firenze é assim. Acaba o verão e as pessoas começam a ficar tristes.

(Dizem que não é SEMPRE brusca desse jeito a mudança do tempo, mas este ano foi e foi isso que eu vi.)

Se chove, chove dentro e fora.
E aqui, agora, chove.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Na verdade nao passei pra fazer comentario, só mesmo pra vc ver q sempre q posso dou uma passadinha para ler sua Historia!!! bjs e se cuida aí