sexta-feira, 12 de setembro de 2008

SUGÓI IÔSHÍ!

Eles chegam de mansinho e pimba!, te dão um presentinho. E é sempre tão significativo ganhar um presentinho japonês que eu me emociono todas as vezes. Porque não é que eles sejam como a gente, que sai abraçando e beijando, ou que façam uma festa pra te dar alguma coisa em alguma data especial. Não. Mas quando têm um carinho especial por você, eles simplesmente vêm quietinhos do seu lado, sorriem, não dizem nada, e te dão uma coisinha, segurando assim com as duas mãos e oferecendo o presente na sua direção. É quase uma cena de filme publicitário em câmera lenta. É como se eles segurassem nas mãos toda a porcelana do mundo. É delicado e silencioso. E você, também em câmera lenta, recebe aquilo - também com as duas mãos - com uma leveza repentina que às vezes você nem sabia que pudesse ter. E o presentinho japonês pousa nas suas mãos abertas como uma relíquia, como um cristal, como um coração batendo.


Esta semana ganhei duas coisinhas de comer. E que me foram dadas exatamente como todos os outros presentinhos japoneses. Há sempre a delicadeza, o silêncio, o sorriso e as duas mãos estendidas, de coração para coração. Um amor oriental. Na terça, Mina me deu um pacotinho de biscoitos de arroz com shoyu. Na quinta, Yuya me sorriu com um saquinho de salgadinhos inacreditavelmente interessantes (ou interessantinhos). Seria comum, não fosse japonês, não fosse dado como é, com todo o ritual nô, em uma sala de aula italiana, entre croatas, colombianos, venezuelanos, coreanos, brasileiros, israelenses e turcos. No meio do caos italiano, os presentinhos japoneses silenciosos parecem um sopro de Deus sobre os meus pensamentos cansados de tanta gritaria, tanta grosseria, e tanta comida pesada!

E se você nunca comeu nenhuma dessas duas "porcelanas" japonesas, vá até a liberdade e compre pra experimentar. Deve ter. O biscoitinho de arroz e shoyu (na foto lá em cima) se chama qualquer coisa como OSÊNBÊI. O salgadinho vem nesse saquinho aí, não sei o nome, mas é um mix de 11 tipos. Vale a pena. E é mais saboroso ainda se for dado por um amigo japonês, em silêncio e entre os olhinhos que sorriem tranquilos e verdadeiros.
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