terça-feira, 20 de novembro de 2007

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

VISÃO

De tudo que vi pelos lugares por onde passei, uma coisa me impressionou muito. Eu já sabia que isso acontecia na teoria, porque todas as pesquisas de domicílio sempre mostraram isso. Mas eu nunca tinha, de fato, visto, tão incrivelmente, como a televisão está em TODOS os lugares (as pesquisas mostram que 96% da população brasilieira têm televisão - mais do que geladeira).

Nas estradas distantes da Paraíba ou das Alagoas, em lugares que quase não têm nome, lá estão elas, as parabólicas.

E não é só nas casas, não: a tv está em todos, TODOS os estabelecimentos de TODOS os lugares por onde se passa. Principalmente no interior. Lojas, restaurantes, bancas de revista, salas de espera de qualquer coisa, lobbys de hotéis, supermercados, quiosques à beira-mar, cafofos, vendinhas, botecos, pontos de taxi e de moto-taxi (vi uma febre de moto-taxi em todas as cidades que não são São Paulo!).

Até nas lojinhas dos Mercados Municipais de qualquer cidadezinha (mercados esses que são um mar absurdo de comércio) e, mais impressionantemente ainda, nas barracas de rua de Juazeiro do Norte, no Ceará - mesmo as menores e mais apinhadas de coisas - em que se vende de tudo, panelas, roupas, rapadura, santos e remédios de Padre Cícero, lá está ela, acredite, a televisão. Todo mundo tem uma. Grande ou pequena, colorida ou PB, com imagem nítida ou chuvisco, com som alto, baixo, mudo... Não importa. O caso é que elas estão em todos os lugares, por mais insólitos ou inusitados, às vezes camufladas no meio de tanta mercadoria, e sempre - SEMPRE - ligadas na Globo.

PS: Por favor, repare ONDE está a pochete do cidadão. É a esposa dele que está "lá dentro" assistindo ao Jornal Hoje.



sexta-feira, 16 de novembro de 2007

POCO NÉ?

Mato Grosso.
Região do Pantanal.
Poconé.
Cidade sinistra.
De um silêncio bonito.
Mas sinistro.

Poco tempo, né?
Há coisas a dizer deste lugar.
Mais tarde.

domingo, 11 de novembro de 2007

SAUDADE QUENTE

Da Paraíba, fomos para Maceió, nas Alagoas.
De Maceió, voltamos para o Ceará e agora estamos no Cariri.
Cariri é Juazeiro do Norte, Crato, Nova Olinda, Barbalha e... esqueci. Estamos em Juazeiro. Temos apresentações aqui e no Crato. É tudo bem interessante.


Se você perdeu a fé, ou conhece alguém que perdeu, avise: ela deve estar por aqui, em Juazeiro. Além do comércio insuportavelmente saturado de religião, a fé neste lugar é literalmente abundante, transbordante, e tem de sobra pra quem quiser vir aqui buscar um pouco. Não há nenhum - juro, eu não vi nenhum - estabelecimento que não tenha Padre Cícero na porta, ou na parede, ou num cantinho, e no olhar de cada um. Eles respiram fé no Padim de Sinhozinho Malta. As mulheres, principalmente as mais velhas, são lindas de ver. São um pouco maltratadas pelo sol arrasador de tão quente que brilha aqui, e aparentam ter bem mais idade do que de fato têm, mas, mesmo assim, são lindas de fé.

SAUDADE
Chegmos num ponto da viagem em que todo mundo tá morto de saudade de casa. Só pra registrar. Porque tem sido o assunto permanente. Saudade e calor.

FESTIVAL
Acontece aqui na região a 9a MOSTRA SESC CARIRI DE CULTURA. As três cidades onde há eventos - Crato, Juazeiro e Nova Olinda - estão cheias de grupos de teatro, dança, música. E as cidades são bem cheias de modernidade, diferentemente do que a gente imaginava. Não tem jeito mesmo, o progresso é inevitável. A cultura regional se perde um pouco, mas, Graças a Deus, permanece aqui e ali. Mais pra turista ver do que pro povo da região cultivar. Isso é pena. É algo que me parece bem representado no seguinte: o programa de sábado à noite é ir passear na Praça Padre Cícero - bem de acordo com a cidade -, mas a brincadeira favorita das crianças é passear de motinho elétrica que alugam ali mesmo. É estranho. Parece que não encaixa. É como se essas crianças, na primeira olhada, não combinassem com essas motinhos. Mas é assim que é. Dez minutos de passeio por um real. Enquanto a moça que vende crepes me diz, um pouco triste: só aqui mesmo pros minino andar nisso aí. Eu queria comprar pro meu pequeno, mas sabe quanto custa?! Seiscentos reais! Dá não! O crepe de queijo é R$ 1,50.

POLÍTICA
Alagoas é um lugar meio estranho. Depois de Fernando Collor de Mello. Os prédios riquíssimos da orla de Maceió insistem em te fazer lembrar o tempo inteiro de que aquela é a terra desses sujeitos ladrões, que devem ameaçar todo mundo de morte em época de eleição. Não tem explicação. Nem eles, nem essa sensação que me deu ao caminhar pelo calçadão da Praia de Pajuçara. Acho que a gente só pensa que a ditadura acabou.

Muitas fotos atrasadas.
Seguem assim, no calor do Cariri.

domingo, 4 de novembro de 2007

"O PÚBLICO"

Em Campina Grande tirei o retrato que fica pra mim da Paraíba: uma feira-livre gigantesca, que ocupa tantos quarteirões que parece ocupar a cidade inteira - a gente nem consegue andar por tudo. Um labirinto. Bem apertadinho e abarrotado de gente. É quase a pipoca do carnaval de Salvador. Você passa por dentro e periga nem ver o céu de tanta coisa amontoada nas barracas. De frutas, de flores, de artesanato, de ferramentas, de bugingangas, de grãos, de missangas, de carnes, e peixes, e jogos, e roupas, e tudo que se possa imaginar. Eu nem vi tudo isso. Mas o que vi bastou. E, juro, você vai andando e a feira não acaba nunca mais. Não, nem sei como estou aqui de volta, na frente deste computador.

O teatro do Sesc daqui é muito legal e a apresentação foi bem emocionante. Hoje cedo tivemos o "Pensamento Giratório". Um papo sobre o teatro nos 70 e sobre a nossa peça. Duas figuras interessantes apareceram por lá: Guilherme e Jailson.

Guilherme é paulista e já morou em vários lugares. Ensinou xadrez a índios, tirou fotos de apropriação de terras, já teve mulher e filhos, e hoje trabalha aqui em Campina Grande com reciclagem. Faz umas coisas incríveis com garfos, colheres, garrafas pet e o que mais você quiser.

Ele saiu de São Paulo por pura vontade de conhecer o verdadeiro povo deste país. Segundo ele diz, ele queria "ver o horizonte" e em São Paulo, "apesar de todas as coisas boas que tem lá, você só vê no horizonte a casa do vizinho".

Jailson é um militar pernambucano aposentado. Viajou para vários lugares. Chegou a capitão. É de Floresta, perto de Recife. "Uma cidade incrível, com nível cultural altíssimo. As pessoas têm até medo de ir lá." Ele, como exemplo da cidade, é bem culto mesmo. "Não vou ao teatro para me divertir. Vou para me preocupar".

Jailson contou que assistiu a Bibi Ferreira fazendo Gota d'Água na primeira apresentação depois da morte de Paulo Pontes (o autor do texto, ao lado de Chico, e então marido de Bibi - ele escreveu o papel de Joana para ela). Jailson conta que ela parou o espetáculo várias vezes para chorar e que, mesmo sem ter guardado exatamente a história de Joana, ele nunca esqueceu aquele dia no teatro. Ele é bem engraçado. E foi o responsável pela melhor coisa que ouvi até agora na viagem (com um sotaque carregado e bom de pernambucano):

"Eu sempre vou assistir a espetáculos de teatro. Adoro. E gosto de dar minha opinião. Um dia eu estava num festival, na discussão depois de uma peça, e estavam lá atores, autores, diretores, estudiosos, críticos... Todos falando, analisando, apontando defeitos de cada apresentação. Eu queria falar, mas não me deixavam. Então me manifestei: 'olhe, eu não sou ator, não sou diretor, não sou crítico, mas sou o único aqui que pagou ingresso, por isso quero falar. E vocês deveriam me ouvir, afinal, eu não sou nenhum especialista, mas EU SOU O PÚBLICO'."

E, enfim, "o público" não nos deixa esquecer para quem é que a gente faz tudo isso. E o público disse que gostou muito da nossa Gota d'Água. Que bom.


FOTOS DE CAMPINA GRANDE


terça-feira, 30 de outubro de 2007

ET, TELEFONE, CASA

Ufa!
Já estamos em João Pessoa, na Paraíba. Um calor do cão.
Passamos antes por Fortaleza, no Ceará. E daqui vamos para Campina Grande. Depois Maceió, em Alagoas.
(ou NAS Alagoas? hm?)

Enfim, tem um monte de histórias pra contar, mas, definitivamente o calor não deixa. Eu sou do sul, certeza. A lerdeza e o calor daqui me matam. Embora eu goste de andar no calçadão. Hoje andei pela semana inteira.

E ontem roubaram o meu celular. Durante o espetáculo. Espetacular. Minha intuição me dizia que não deveria deixar as minhas coisas na tal sala que nos deram para usar de camarim. Mesmo assim, deixei. E levaram, então, as fotos lindas das crianças, da minha mãe, das minhas irmãs, de mil gentes queridas, e mais as gravações da Sofia falando Tchia Chuli e os vídeos lindos dela... e mais a minha agenda de telefone inteira. Dá uma raiva. Ainda que eu esteja vendo um mar lindo na minha frente.

Enfim.
Pois.

Quando o calor passar, ou quando tiver uma net no ar condicionado, atualizo a vida.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

...E O PARANÁ PASSOU


De Guarapuava voltamos para Curitiba. Faremos a última apresentação no Paraná amanhã, em Araucária. É uma cidadezinha colada em Curitiba. Vai ser no Teatro da Praça, um teatro na praça bem bonitinho. O nosso espetáculo faz parte do V Festival Eliseu Voronkoff. A diretora atual de lá, Cindy, nos contou que o nome do festival é uma homenagem ao Eliseu, que dirigiu o teatro até 2003, quando foi assassinado com QUARENTA E QUATRO facadas. A cidade é bem pequena. E, ali mesmo, um homem matou Eliseu com 44 facadas.

Na sexta-feira vamos para o Nordeste e seguimos por lá até o fim da temporada. Tem Fortaleza, Maceió, João Pessoa, Juazeiro do Norte, Crato, Cariri, Pantanal... e mais umas cidades que não lembro. Vai ser lindo.

Mas as quarenta e quatro facadas não me saem da cabeça.

PS: Assistimos a Piaf no cinema.
Chorei toda a minha saudade e mais as dores da vida inteira.
Por que alguém tem de passar por TANTO sofrimento?

PS2: O show da Ivete foi uma delícia. E criamos uma variação pro tradicional "ô maluquete de quem você é tiete?"... eu sou, sou tiete da Georgette!! hahaha




... 
fotos de guarapuava 

sábado, 20 de outubro de 2007

Ô MALUQUETE, DE QUEM VOCÊ É TIETE?


EU SÔ, SÔ TIETE DA IVETE!!

Estou em surto. Parece bobagem, mas não é. Há um mês longe de casa, mudando de cidade de dois em dois dias, com pessoas amadas, mas novas na vida, dá uma saudade imensa daquilo que a gente realmente gosta e que fez sempre parte de momentos felizes, com amigos adorados, enfim... E, para mim, por mais bobo que possa parecer, música baiana tem isso. Mais ainda Ivete Sangalo. E simplesmente, por uma coincidência maravilhosa, Miss Sangalo fará show em Guarapuava neste domingo. E nós, simplesmente, acabamos de chegar a Guarapuava.

Se eu estou eufórica e não consigo falar em outra coisa? Imagina... Se não pára de cantarolar as músicas do show, que sei dos pés à cabeça? Lógico... Se vou deixar o DVD (que eu trouxe!) rolando direto - como fiz na última cidade? CLARO! Se vou dormir esta noite? Tá, dormir eu vou, também não é pra tanto.

(Mentira. É pra tanto, sim, não vou dormir! haha - mas estou com vergonha de admitir isso aqui... rs)

Estávamos na van, entrando na cidade, quando o rádio disse: AMANHÃ IVETE SANGALO EM GUARAPUAVA! Tive um surto de euforia e quase morri do coração. Comecei E por causa disso, todo mundo se comoveu e vai comigo ao show! Vai ser o máximo. Vai ser um respiro no meio da saudade. De alguma forma inexplicável vai me confortar o coração. Sou assim. Do que eu gosto, eu gosto. E não preciso mudar.

Não precisa mudar/ Vou me adaptar ao seu jeito/ Seus costumes, seus defeitos/ Seus ciúmes, suas caras, pra que mudá-las?/ Não precisa mudar/ Vou saber fazer o seu jogo/ Saber tudo do seu gosto/ Sem deixar nenhuma mágoa, sem cobrar nada/ Se eu sei que no final fica tudo bem/ A gente se ajeita na cama pequena/ Te faço um poema, te cubro de amor/ Então você adormece/ Meu coração enobrece/ E a gente sempre esquece/ De tudo que passou... (Ivete canta com Saulo)

Fora isso, mãe, pai, não tem jeito: sou idêntica a vocês.

Em (quase) tudo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A TARCA DO TEMPO

Alguém sabe o que significa esse título?
Talvez o cara que escreveu neste monumento "na tarca do tempo cultuamos a tradição", na praça de Francisco Beltrão, saiba. Mas até agora não achei mais ninguém que conheça "tarca". Nem a minha professora de português favorita ouviu falar nessa palavra. Mas ela está pesquisando.
Esta cidade é quase o Rio Grande do Sul. Tu sabias? Nem eu.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

LA GARANTIA SOY YO!

Chegamos hoje em Francisco Beltrão. Passamos pela Foz do Iguaçu que, pra nós, foi Paraguai e Cataratas. Ficamos num hotel afastado da cidade e só choveu (fora no dia de ir embora, hoje, quando fomos ver as cataratas num mega sol). Mas a cidade nem conhecemos.

Uma loucura se abateu sobre todos - e, pelo que vimos, se abate sobre qualquer brasileiro que vá a Foz do Iguaçu - de comprar no Paraguai. Mas, enfim, foi a nossa diversão. E de todas as histórias de vendedores que conseguem empurrar o que você não quer comprar, ou que te engabelam com informações absurdas, a melhor foi a do DVD portátil que a Georgette comprou. Ela queria garantia. O vendedor disse que tinha, de dois anos. Ela procurou no manual, nos papéis que vinham na caixa e voltou lá pra reclamar: - Onde é que diz que tem garantia de dois anos? O vendedor, muito solícito (leia-se debochado), não teve dúvida, pegou um pedaço de papel, escreveu "garantia de dois anos" e assinou embaixo!! kkkk. La garantia soy yo!! Estamos rindo até agora. Mas o DVD funciona bem - por enquanto...

Em outra loja, quando o Cris foi tentar trocar uma câmera que achou muito mais barata em outro lugar, o cara ficou louco e gritava com ele: Comprou porque quis!! Eu não coloquei um revólver na sua cabeça pra você comprar, coloquei?? Então vai embora e não me enche! Pois.

Decidimos ir às cataratas no dia de ir embora. Ainda bem. Finalmente fez um sol maravilhoso, um dia lindo. E as cataratas são mesmo uma visão do paraíso. Fiquei pensando em como é possível ter se formado uma coisa tão extraordinariamente bonita... Pois pois. Às vezes a gente esquece do quanto somos privilegiados nessa vida por ter a oportunidade de ver coisas tão divinas.

PS: Maricota, olha as fotos das placas! Tirei pra você, obviamente!


Fotos da Foz e do Paraguai

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

PROCURA-SE MANICURE

Manicures do Brasil: quem estiver desempregada, venha para Umuarama, no interior do Paraná. Tem emprego certo para você aqui!

Chegamos à cidade e a primeira coisa que eu fiz foi sair em busca de uma manicure porque eu estava no limite de não roer as unhas todas. Achei um cabeleireiro de cara, do lado do hotel. Um não, três, um na sequência do outro, na mesma rua. Na rua de baixo, mais um e um pouco depois o quinto, enorme. O sexto era um pouquinho mais distante. No sétimo, finalmente, achei Socorro.
Pois.

Tive de ir a SETE salões para conseguir fazer as unhas. No 1°, a manicure só chegava às 17h, já tinha duas clientes esperando e era só com hora marcada. Ok. O 2° estava sem manicure esses dias. No 3°, havia um sofá cheio de mulheres e crianças esperando as duas manicures que faziam mão e pé de uma moça. E eles nem sabiam se conseguiriam atender toda aquela clientela. As mulheres nem aí, batendo papo na sala de espera (o sofá). No 4° salão, a manicure tinha faltado - "a filhinha dela tá doente, fia". No 5°, o grandão, só tinha horário pro sábado - era quinta. Obrigada. No 6° - e eu já não estava acreditando naquilo - as duas manicures também já estavam com a agenda lotada: "mas tem um salãozinho ali na esquina, tenta lá". Achei que eu estava participando da pegadinha do Faustão. Não era possível. Pois era.

Fui lá, descrente, na minha 7ª e última tentativa. Era uma portinha. Uma senhora lá no fundo fazia o pé de outra, e davam gargalhadas de alguma história. "Oi", eu disse, "será que a senhora poderia fazer a minha mão"? Ela me olhou por um momento, pensou, e disse: "ah, eu tô terminando esse pé aqui e depois preciso ir ali comprar comida pra minha cachorra. Mas depois eu faço, sim. Daqui a uns 20 minutinhos. Senta aí." Sentei. Ai, que alívio. Fiquei tão feliz. "Como é o nome da senhora?" - SOCORRO!! Juro.

A Socorro nasceu em uma cidadezinha de Maceió, veio pro Paraná com os pais. Depois se casou e foi morar em Paulínia, interior de São Paulo. Agora separou do marido e voltou pra cá. Tem dois filhos e uma neta. Mora aqui com o filho de 16, o Junior, na rua da mãe e da irmã. E tem um namorado... "ah, conheci aí, é um senhor bacana, a gente tá ficando. Mas eu sou séria, viu!".

Vi, Socorro. Obrigada.


Fotos de Umuarama

QUARTA-FEIRA VERDE

Fui ao supermercado São Francisco, em Paranavaí, na quarta-feira à tarde. No fim da tarde. Fiquei chocada. Parecia que a cidade inteira estava lá. E a fila pra pagar era simplesmente impraticável. Desisti das compras, e depois descobri que a razão da loucura é que era dia da "quarta-feira verde": tudo quanto é horti-fruti por preços bem mais baixos. E ainda tem o "acerte o peso e leve".

É assim: fica um funcionário ao lado da balança, no meio do mercado, com um microfone, e se forma uma fila enorme de gente que vai tentar acertar o peso das coisas. Quando eu estava lá, ele pesava uma melancia. Mas não é só vai, diz o peso e se acerta leva. O funcionário entrevista a pessoa no microfone, é divertido demais. E o povo ama. Responde com a maior alegria, eu fiquei lá assistindo.

- Qual o nome da senhora?
- Maria.
- E, dona Maria, a senhora compra no São Francisco há quanto tempo?
- Ahhhh, faz muuuitos anos! Eu adoro o São Francisco.
- E a senhora sabe quantos anos o São Francisco está fazendo?
- 25 anos!! Eu acompanho desde o começo!
- Que bom, dona Maria, parabéns! E quanto a senhora acha que pesa a melancia...

PS: A dona Maria não levou.
Quem levou foi a Joana (acredita?).
Acho que pesava 7 kg e pouco... ou 11kg... esqueci.

A NOITADA EM PARANAVAÍ
À noite, fomos a um "evento" que o pessoal do teatro organiza por lá... É numa quadra que a prefeitura empresta. Eles montam uma pequena instalação com velas, música, e um espaço alternativo onde acontece uma pecinha de três cenas. É bonito. O lugar fica meio com cara de set de cinema. Nos divertimos muito. E uma atriz e diretora carioca chamada Camila, que parece que é quem organiza isso, e que foi morar na cidade porque se apaixonou por um paranavaiense, nos contou que lá assim: "como não tem muito o que fazer, a gente inventa". Imventam bem inventado, a gente diria. E, de fato, não muito o que se fazer em Paranavaí. Depois da 1h, tudo fechado. Nós também.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

TEATRO E COMIDA DIFÍCIL


O Teatro Municipal de Paranavaí é lindo.


Pra nós a platéia é armada no palco, junto com a gente, já que a peça é de arena. Ficou interessante nesse palco imenso. E a sensação de estar naquele teatrão é boa demais.

O espetáculo também foi bom. Paranavaí me pareceu uma cidade que se importa com a Cultura, embora, segundo as meninas que fizeram a oficina, seja um lugar para aposentados virem passar anos tranqüilos de velhice. Discordo. Ou não. Afinal, cidades do interior, de uma maneira geral, poderiam ter todas essa característica. Ou tem. Mas, enfim, só de ter um teatro como esse, Paranavaí já ganha muitos pontos.

E um cara chamado Torrentes, do Sesc daqui, contou que a cidade tem tradição de festivais de declamação de poesia. Pois é. Tem um monte. O pessoal decora um poema, vai lá, e declama. Há grupos que fazem isso informalmente, tipo saraus, e há esses festivais organizados pelo Sesc e pela Prefeitura, acho. Tem desde criança até tralalá declamando poesia por aqui. Deve ser bonito. No mínimo, curioso.

Tati, você que ama poesia, ia gostar ou ter preguiça de assistir?
EU ia adorar.


Aqui, finalmente conseguimos comer um salmãozinho cru, depois de dias e dias de procura por comida japonesa em todas as cidades por onde passamos. Um temaki gostoso e carérrimo num lugar bem charmoso no meio da praça linda de Paranavaí. E um sashimi meio safado no Bar do Kengo... Nada de ótimo, não. A verdade é que nós, que moramos na insanidade de São Paulo, precisamos entender e nos conformar que nem tudo há no interior do Paraná. E nem no interior da gente.

Aliás, comer por aqui é bem difícil se você não se encaixar nos horários certinhos da cidade. Depois das 14h, esquece, não tem restaurante aberto. Juro. Nenhum. Nem UM. Com sorte, cê acha uns salgados de boteco, uns pastéis... mas comida, not. Nem no hotel. E isso acontece nas outras cidades também. É normal, será? Ai, pra mim é incrível. Juro: NENHUM restaurante aberto na cidade inteira. A resposta é sempre a mesma: "ah, agora só pro jantar". Tá. Se isso é mesmo um problema? Ah, não. Mas eu quis contar. Porque pra quem vive na terra da gastronomia, é incrível.

Amanhã vamos pra Umuarama.
Depois, Foz do Iguaçu. Aguarde, em breve, o relato:
"Os sacoleiros da Gota invadem o Paraguai".

A oficina foi super bacana. Meninas de 10 anos fofíssimas e um senhor de 65 quase tão fofo quanto elas. Gente muito boa. De gestos detalhados e cuidadosos. Levo daqui, desta cidade que me parece ter tudo em dez quarteirões, isto: a atenção no gesto, no detalhe, na preciosidade de uma simples reverência bem feita.

Estou meio feudal.

Fotos de Paranavaí

domingo, 7 de outubro de 2007

JAPUCARANA

Nossa maior diversão em Apucarana foi o Festival Amador de Canções Populares Japonesas. Sim, achamos um clube japonês e hoje era a festa. Começou às 7h e vai até a noite. 500 cantores. Almoçamos lá. Não era comida japonesa. Mas foi bem divertido.

Mãe, tinha exposição de Ikebana e tirei um monte de fotos pra você. Mas nenhum arranjo era lindo nem em harmonia como os seus. Nem quase.

Fora isso, esta cidade tem uma catedral numa praçona e mais nada. Só um milhão de lojas e um cheiro de ração pra cachorro no ar. Tem uma fábrica. Engraçado que Cornélio Procópio cheirava a café. Apucarana cheira a ração.

Fotos de Apucarana

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

AUGUSTA E HELENA

Já estamos em Apucarana. Viemos hoje de Cornélio Procópio.
Cornélio fica guardado como um dos lugares mais especiais por onde passamos. As oficinais foram incríveis e a apresentação, mágica. Criou-se a energia da peça, que andava um pouco dispersa com esse público do interior do Paraná. Não sei, talvez a gente ainda não tivesse achado o tom. Achamos. Explicar não sabemos bem. Mas foi uma alegria.

Na oficina, tivemos duas pessoas daquelas que vale a pena conhecer na vida. Augusta, de 61 anos e Helena, uma japonesa de 72. Elas têm ESSA idade, e FAZEM TEATRO, no INTERIORZÃO DO PARANÁ. Não é legal demais? Eu acho.

Helena usa esse nome só pra facilitar porque seu nome verdadeiro é em japonês e eu nem ouso tentar reproduzir aqui. Ela é a diretora do grupo. A última peça que encenaram foi feita de esquetes escritas por elas mesmas, baseadas em dois fatos que aconteceram na cidade. Elas contam com o maior entusiasmo e é uma delícia ouvir. Pelo que parece, foram dois fatos que agitaram muito Cornélio Procópio (!!!!). O primeiro foi que "as andorinhas invadiram a cidade e fizeram uma sujeirada enorme na praça"... O segundo foi "um dia em que amanheceu um sutiã colocado num poste da avenida central!! Todo mundo viu e foi um escândalo!". Isso. Esses foram os fatos marcantes de Cornélio Procópio. Ouvir isso delas torna tudo realmente importante e interessante! E elas morrem de rir enquanto contam!

Augusta, além de ser a atriz principal do grupo, ao lado de Helena, foi eleita a Miss Terceira Idade na semana passada. A coisa mais fofa da face da terra. Na peça - ela fez questão de me contar e até me mostrou a foto - ela interpretou, entre outros personagens, a Bebel, de Paraíso Tropical - "porque tava na moda" - com figurino de puta e tudo - juro, eu vi a foto! Augusta de peruca de cabelo comprido e com um vestido preto decotado chiquérrimo!!

Enfim, elas são incríveis! Na oficina nos deram um baile de disposição e de vida. Um baile. E não foi baile da saudade, não... E, claro, elas prometeram se comunicar comigo por e-mail.
Claro que elas têm e-mail!!

Definitivamente, no interior, a vida dura mais. E Cornélio Procópio é um lugar de gente bem peculiar. Adoramos.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

O SOL DE CORNÉLIO

Já estamos em Cornélio Procópio. Mais uma cidade charmosa, com coisas interessantes. De cara, um Cristo de braços abertos te recebe na chegada. Ao caminhar até lá, tive a alegria de ver um pôr-do-sol lindíssimo. Sozinha. Mas com quem me lê. Que bom. Minha família.

CASA

Ou estou com muita saudade de casa ou o povo de Santo Antonio da Platina tem fixação por chamar os lugares de "Casa..."

Veja só...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

MAIS KI-DONALD E OS EX-FUMANTES

Em Santo Antonio da Platina tudo acontece na praça e ao redor dela. Tudo está lá. Inclusive nós, no Hotel Central Park (exato), e o trailler-lanchonete mais badalado do pedaço, da Dona Creusa, bem em frente ao nosso hotel. Agora me diz se com este nome ela realmente não merece ser o maior sucesso...

E fizemos o "mini-aperitivo festivo de apoio e incentivo e em homenagem aos amigos queridos, sigelos, lindos, cheirosos, fortes e guerreiros que estão largando o vício do cigarro". Foi no meu quarto. Passei a tarde descascando cenoura e decorando o ambiente, que ficou chiquérrimo - com exposição de arte, velas, música e lounge. Traje: rigor. Meninos obrigatoriamente de gravata. Meninas de vestido ou saia. Pena que foto não tem som porque rolou um samba que só acabou de madrugada no coreto do praça. Com metade da cidade se perguntando: "meu Deus, quem é essa gente?". Mas foi bom. Porque chamou a atenção e hoje vão todos lá nos assistir.

Fotos de Sto Antonio da Platina


Faustão - Preciso registrar que ontem, no Faustão, me apareceu uma família de Santo Antonio da Platina. Sério. Foram participar do karaokê. Foi um senhor que ganhou alguma promoção do Magazine Luiza aqui da cidade (que também estão ao redor da praça). Mas cantaram mal pra burro. Perderam. Senão, ia ter fogos de artifício na praça.


sábado, 29 de setembro de 2007

NOMES


Viajamos de Ponta Grossa para Santo Antonio da Platina. Cidadezinha interiorana total. Nosso hotel é bem na frente da pracinha. Bom dEEmais - como dizem aqui.

Vim conversando com o motorista da nossa Van número um, a Vanessa - a número dois é a Vanderléia - sobre NOMES. Ele se apresentou pra gente como JEAN - pronuncia-se com o som do E mesmo, e não Jan. Agora me contou que o nome dele na verdade é JEACIR. Contou também que, um dia, um chileno que viajou com ele perguntou se poderia chamá-lo de AIRTON. Pois. - Mas por que "Airton"?, ele perguntou. O chileno disse simplesmente que era um nome de que ele se lembraria com certeza. Então tá. Ficou Airton pro chileno, pra todos do grupo que viajava com ele e por todos os hotéis e lugares por onde passaram. Já eu, resolvi chamar o Jean, digo, o Jeacir, de GENÉSIO. Por quê? Por nada. Só porque todos nós temos nos dado nomes outros...

JOAZ é JONAS. LÍVIA é LÍGIA, ou SALETE, como resolvi chamá-la a partir de hoje. Não tem razão certa. CRIS é CRISI ou SEVERINO. ANDRÉ é ANTÃO. CIBELE é SIMONE. Eu sou JUSSARA. ALEXANDRE DOS SANTOS é DOS ANJOS. KRUG é TOM KRUIG.

GEORGETTE FADEL é GORETTE MABEL - o nome de que a gente mais gosta.

Se somos um bando de bobos? Ah, claro que não.
Somos shakespeareanos.
Afinal, "o que é um nome"?
Romeu, Julieta, Montecchio, Capuleto...
O nome é simplesmente como quiserem chamar. Isso sim.
Esta cidade, por exemplo, Santo Antonio da Platina,
pode ser Santa Juliana das Ótimas Idéias se eu quiser.
Já quis.

PS: Mãe, quando fui abrir o msn neste micro estava gravado o nome e email da última pessoa que tinha usado... acredite se quiser, mais uma pra nossa coleção, o nome era: daisyjuliana@hotmail.com

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

ADE NÃO!

Sabe o "bem capaz!" do gaúcho e o "até parece!" do paulistano? Então, pelo que entendi é isso que significa o "ade não!" aqui em Ponta Grossa. Vem de "verdade, não!". Viajando e aprendendo... Ade não!

Ponta Grossa está longe de ter o charme de Paranaguá, mas fomos conhecer lugares lindos: Vila Velha e o Buraco do Padre.

Fotos de Ponta Grossa

No Buraco do Padre vivi o meu momento mais feliz desde que chegamos aqui. Imagine um lugar lindo, com cachoeira, no meio do mato, onde você chega depois de andar 13 km numa estrada de terra e de mais uma caminhadinha de uns dois quilômetros. Você bebe muita água até chegar lá. Muito bem. Você já chega lá com vontade de fazer xixi. Mas segura, e esquece. Agora imagine a volta, mais dois quilômetros e mais um pouco de água. Porque você esquece que sua bexiga já tava cheia e bebe. E então a vontade do xixi volta. Você chega no carro que ficou estacionado no meio do nada, no mato mesmo, com muita, mas muita, mas MUITA vontade, insuportável. Mas você é daquelas pessoas que não conseguem fazer no mato, ainda mais num campo aberto e cheio de grama alta, porque sempre uma formiga pica a sua bunda... enfim. Você tenta de todas as formas informar o seu corpo de que será preciso segurar mais, mas a sensação é tenebrosa. O motorista da van tem papel higiênico e te oferece. Você, resignada, agradece, mas prefere segurar e aguentar os 13 km de volta da estrada de terra e mais uns 20 km até o hotel. De repente, como se Deus te ouvisse, você vê, ali mesmo , naquele campo isolado no mato, um banheiro. De verdade. Só ali a alegria já foi incrível. E ainda a descarga funcionou e tinha água na pia pra lavar as mãos. Não me pergunte como, não sei explicar. E juro que aquele banheiro não tava lá quando a gente chegou.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

miudezas em geral

Paranaguá é uma cidadezinha linda!

Fotos de Paranaguá

Caminhei por aí ao som de... confesso, Fábio Jr no i-pod. Mas combinou, juro. A cidade tem uma coisa romântica, o porto, as fachadas das construções antigas, o cheiro, a saudade de alguma coisa, de alguém. Total Fábio.

No Mercado em frente ao Porto tem a lojinha da Dona Vitória. Se ficar muito tempo lá com ela, você compra TUDO que tem lá. E tem coisa paca. Quase uma mini 25 de março. De artesanato. Bem legal. Ah, e ela é simplesmente viciada, obcecada em gravar nomes e desenhos em tudo. Juro. Ela não te deixa sair de lá sem gravar. Já vai pegando a coisa da sua mão, "qual o seu nome? é presente? faço um deseinho? umas gaivotas? posso escrever paranaguá? e vou colocar 2007 aqui pequeninho, tá?!". Tá. Ela é uma fofa. Comprei um chaveirinho do tamanho de um pedacinho do dedo mindinho e ela conseguiu gravar um nome e um coqueiro... "o coqueiro é a minha marca registrada". É vó de dez. Uma figurinha querida. E ela vende lá uns apitos de passarinhos incríveis. Gorete Mabel e Tom Kruig compraram um monte. E o melhor é que ela te ensina a imitar direitinho o barulho do bicho. No final saímos de lá com tanta coisa que ela deu risada e disse: "ai, meu Deus, vou ter que ir MESMO assistir à peça docês...". Vai, Dona Vitória, vai.


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A Ilha

De Curitiba para Paranaguá. Depois da primeira apresentação da viagem, no Sesc Água Verde, pé na estrada. No caminho, fomos passar o dia na Ilha do Mel.

Lindo. Embora, sim, eu deteste praia.
A barca foi divertida... a gente tinha certeza de que aquilo ia virar.
E o spa dos meninos também foi, digamos, bastante inspirado...

Lá na ilha conheci quatro pequenos moradores, com quem construí castelos de areia e pontes sobre areia movediça, de volta às minhas férias da infância em Recife. Total. Tainá, Nina, Yuri e Caio, de 9 anos, e Andrew, de 2. Eles também me fizeram lembrar que meninas e meninos se batem e se amam desde pequenos. Pois.

Fotos da Ilha do Mel

sábado, 22 de setembro de 2007

As Irmãs de Mafra

Conheci Ângela e Cristiane. São irmãs. Ângela tem 40, Cristiane, no máximo 30. Elas são de Mafra, uma cidadezinha de Santa Catarina. Pelo que entendi, Ângela ainda mora lá, em Mafra. Cristiane veio morar em Curitiba. Para estudar, talvez, ou trabalhar. É publicitária. A irmã mais velha veio visitar a menor nesse fim de semana. As duas participaram da nossa primeira oficina e me deram, assim, por acaso, uma aula de disponibilidade e companheirismo.


Ângela se apresentou assim, entre risadas gostosas de quem está onde quer: "Eu sou de Mafra, Santa Catarina. Uma cidade pequena mesmo. Acabei de chegar em Curitiba. Acabei de chegar mesmo. Minha irmã me pegou agorinha na rodoviária e disse que vinha aqui numa oficina de teatro. Ela me convidou e eu vim junto. Assim, direto da rodoviária pra cá. E tô aqui. Pra compartilhar."

Ela é educadora, em Mafra. Eu sou jornalista, em São Paulo. E estamos aqui, as duas, em Curitiba, compartilhando um momento da vida. Assim, por acaso. Mas porque Ângela é generosa e porque sabe a inportância de visitar uma irmã que mora longe. E de participar.

E então eu me pego pensando... Eu teria convidado minha irmã? Ela teria dito Vamos? Viria comigo? Ainda dieto da rodoviária? Faria comigo uma cena, duas, três? Participaria do meu mundo um pouco? Sem nem passar em casa pra deixar as malas? Se eu dissesse simplesmente Vem e me segue, ela viria? Sem saber pra onde? Só porque era eu? E a sua irmã, faria isso? E você, faria?

Minha mãe sempre disse que, no final de tudo, é a família que importa. É a família que sempre está lá. Mas a gente esquece. Nos detalhes do dia-a-dia, a gente esquece. A vida vai passando e a gente... esquece.

Assistindo a Ângela e Cristiane se divertindo juntas, eu me perguntava: Qual é a minha disponibilidade para as pessoas que eu realmente amo?

Com uma coisa tão simples, talvez corriqueira para elas, talvez óbvia e natural para muitos, essas duas irmãs se tornaram especiais pra mim, assim, num dia como outro qualquer. Direto da rodoviária.

Fotos da Oficina

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Sobrevivência

Só para registrar, porque achei engraçadíssimo, ao lado do nosso hotel há um lugar intitulado "Clube dos Solteiros". A entrada é enorme, quase aquelas entradas de Igreja Universal... mas não pude entrar porque está fechado. Não descobri por quê. Diz lá que tem site: http://www.clubedossolteiros.com/ - mas a página está em construção.

Mais curioso ainda é que, colada à entrada do Clube dos Solteiros, e ainda sob a fachada do lugar, há uma portinha com uma escada que dá para a "Academia de Sobrevivência Urbana" - http://www.sobs.com.br/ .

Não é interessante? Ou você arranja um amor, ou aprende a sobreviver.
Hrum.

Causos, Lendas e Crendices... e o Tailandês

Foi dessas surpresas que acariciam a vida.

Saímos para passear pelas ruas do centro de Curitiba. Primeiro a gente ficava se perguntando se as pessoas sabiam que nós éramos turistas. Claro que sim. Bermudão, regata, boné... em plena tarde de uma quinta feira de trabalho no meio de setembro. Solzão. Estávamos a caminho do Relógio de Flores, meio sem rumo. O centro de Curitiba era quase São Paulo, mas eis que, de repente, atravessamos uma avenida por uma galeria subterrânea e saímos em Ouro Preto. Quase isso, vai. Construções antigas, com aquele colorido rústico desse tipo de cidade histórica - transformada - mas com o visual conservado. Barzinhos, museus, igrejas, tudo ali junto, antigo e novo. Nada de extraordinário no fundo, mas profundamente lindo naquele momento. Parecia que nunca tínhamos visto aquilo. É engraçado como a gente se acostuma a morar em São Paulo e então qualquer coisinha diferente é linda. Mas era mesmo.


Enfim, continuamos caminhando e de repente eu vi uma entradinha, que dava para um corredorzinho e havia uma placa que dizia TEATRO CULTURA. Obviamente entrei. Do lado esquerdo uma loja de artesanato, logo em seguida a portinha de um bar, o Escondidinho e, no fundo, um teatro. Parede lilás, e uma antesala com as paredes todas forradas de tecido florido, daqueles que a gente vê ou via na casa da tia mais velhinha ou nas fotos da vó... da bisavó. Já, de cara, achei uma graça.


- Tem alguma peça em cartaz hoje?
- Tem, sim. "Feira Popular de Causos, Lendas e Crendices", às 19h. A entrada é 1 Kg de alimento. Começa aqui mesmo nessa salinha e depois a gente abre a porta e vai revelando o espaço do galpãozinho lá dentro - me disse e mostrou um homem maaagro, que mais tarde descobri que era um dos atores da peça.

Enfim, adorei. Eram 18h. Vamos? Vamos. Compramos ali na panificadora uns pacotes de macarrão e fomos.

Atrasou. Tomamos uma cerveja no Escondidinho. Brindamos à nossa viagem. Criamos nomes artísticos para o André - que veio de produtor. Deco Gonçalves. E nada de começar a peça. Sete e 10, e 15, e 20, e meia, e 40 e 50... Deus! Vai ter peça?

- Vai, sim. A gente só tá esperando o grupo da escola.

E, então, neste momento, o corredorzinho é invadido por duas dezenas de algumas das senhorinhas mais simpáticas que já vi na vida... Fofas. Depois eu soube, porque perguntei pra elas, que são de uma escola de alfabetização para adultos, e estavam indo -a maioria - pela primeira vez ao teatro!

Chegou então uma tia velha - um ator - e nos convidou para entrar na casa. E então começou a contar causos, crendices... As senhorinhas, amando! Conversando com os atores! Participando com tanta alegria, só vendo! Eu, não sabia se assistia à peça ou à platéia. E lá fomos nós, andando pelo pequeno galpão transformado em vários ambientes, entre a casa da tia, a venda da moça das simpatias, e coredores com histórias, gravações sobre os sonhos e mais o que você quiser. Só sei que foi uma experiência incrível estar ali com aquelas senhoras - e tinha umas crianças também, filhos, netos... Uma delícia estar ali com aquelas pessoas que participavam pela primeira vez do TEATRO! Elas amaram, deu pra ver. Foi bem lindo mesmo.


Saímos de lá mais de 21h. Um frrrio inacreditável! Caminhamos de volta pro hotel e achamos, por acaso também, um restaurante Tailandês charmozérrimo no caminho, pertíssimo do Nikko (nosso hotel). Decidimos jantar lá. Para abrir a nossa jornada. E, olha, não podia ter sido melhor.

Fotos há, ainda bem. Veja todas:

Ruas de Curitiba e As Senhorinhas no Teatro

Jantar Tailândês

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Primeira vez na estrada


Eh, sempre tem. A primeira vez. Esta eh a minha.
Primeira vez na estrada com um espetaculo.
Gota d'Agua. Chico Buarque.
Dois meses pingando pelo Brasil.
Apresentações e oficinas. Gente.

Hoje saimos de Sao Paulo e chegamos a Curitiba.
Sol. Calor. E muita expectativa.

Espero que a alegria me siga. Por todos os umbrais.