sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Causos, Lendas e Crendices... e o Tailandês

Foi dessas surpresas que acariciam a vida.

Saímos para passear pelas ruas do centro de Curitiba. Primeiro a gente ficava se perguntando se as pessoas sabiam que nós éramos turistas. Claro que sim. Bermudão, regata, boné... em plena tarde de uma quinta feira de trabalho no meio de setembro. Solzão. Estávamos a caminho do Relógio de Flores, meio sem rumo. O centro de Curitiba era quase São Paulo, mas eis que, de repente, atravessamos uma avenida por uma galeria subterrânea e saímos em Ouro Preto. Quase isso, vai. Construções antigas, com aquele colorido rústico desse tipo de cidade histórica - transformada - mas com o visual conservado. Barzinhos, museus, igrejas, tudo ali junto, antigo e novo. Nada de extraordinário no fundo, mas profundamente lindo naquele momento. Parecia que nunca tínhamos visto aquilo. É engraçado como a gente se acostuma a morar em São Paulo e então qualquer coisinha diferente é linda. Mas era mesmo.


Enfim, continuamos caminhando e de repente eu vi uma entradinha, que dava para um corredorzinho e havia uma placa que dizia TEATRO CULTURA. Obviamente entrei. Do lado esquerdo uma loja de artesanato, logo em seguida a portinha de um bar, o Escondidinho e, no fundo, um teatro. Parede lilás, e uma antesala com as paredes todas forradas de tecido florido, daqueles que a gente vê ou via na casa da tia mais velhinha ou nas fotos da vó... da bisavó. Já, de cara, achei uma graça.


- Tem alguma peça em cartaz hoje?
- Tem, sim. "Feira Popular de Causos, Lendas e Crendices", às 19h. A entrada é 1 Kg de alimento. Começa aqui mesmo nessa salinha e depois a gente abre a porta e vai revelando o espaço do galpãozinho lá dentro - me disse e mostrou um homem maaagro, que mais tarde descobri que era um dos atores da peça.

Enfim, adorei. Eram 18h. Vamos? Vamos. Compramos ali na panificadora uns pacotes de macarrão e fomos.

Atrasou. Tomamos uma cerveja no Escondidinho. Brindamos à nossa viagem. Criamos nomes artísticos para o André - que veio de produtor. Deco Gonçalves. E nada de começar a peça. Sete e 10, e 15, e 20, e meia, e 40 e 50... Deus! Vai ter peça?

- Vai, sim. A gente só tá esperando o grupo da escola.

E, então, neste momento, o corredorzinho é invadido por duas dezenas de algumas das senhorinhas mais simpáticas que já vi na vida... Fofas. Depois eu soube, porque perguntei pra elas, que são de uma escola de alfabetização para adultos, e estavam indo -a maioria - pela primeira vez ao teatro!

Chegou então uma tia velha - um ator - e nos convidou para entrar na casa. E então começou a contar causos, crendices... As senhorinhas, amando! Conversando com os atores! Participando com tanta alegria, só vendo! Eu, não sabia se assistia à peça ou à platéia. E lá fomos nós, andando pelo pequeno galpão transformado em vários ambientes, entre a casa da tia, a venda da moça das simpatias, e coredores com histórias, gravações sobre os sonhos e mais o que você quiser. Só sei que foi uma experiência incrível estar ali com aquelas senhoras - e tinha umas crianças também, filhos, netos... Uma delícia estar ali com aquelas pessoas que participavam pela primeira vez do TEATRO! Elas amaram, deu pra ver. Foi bem lindo mesmo.


Saímos de lá mais de 21h. Um frrrio inacreditável! Caminhamos de volta pro hotel e achamos, por acaso também, um restaurante Tailandês charmozérrimo no caminho, pertíssimo do Nikko (nosso hotel). Decidimos jantar lá. Para abrir a nossa jornada. E, olha, não podia ter sido melhor.

Fotos há, ainda bem. Veja todas:

Ruas de Curitiba e As Senhorinhas no Teatro

Jantar Tailândês

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