Ângela se apresentou assim, entre risadas gostosas de quem está onde quer: "Eu sou de Mafra, Santa Catarina. Uma cidade pequena mesmo. Acabei de chegar em Curitiba. Acabei de chegar mesmo. Minha irmã me pegou agorinha na rodoviária e disse que vinha aqui numa oficina de teatro. Ela me convidou e eu vim junto. Assim, direto da rodoviária pra cá. E tô aqui. Pra compartilhar."
Ela é educadora, em Mafra. Eu sou jornalista, em São Paulo. E estamos aqui, as duas, em Curitiba, compartilhando um momento da vida. Assim, por acaso. Mas porque Ângela é generosa e porque sabe a inportância de visitar uma irmã que mora longe. E de participar.
E então eu me pego pensando... Eu teria convidado minha irmã? Ela teria dito Vamos? Viria comigo? Ainda dieto da rodoviária? Faria comigo uma cena, duas, três? Participaria do meu mundo um pouco? Sem nem passar em casa pra deixar as malas? Se eu dissesse simplesmente Vem e me segue, ela viria? Sem saber pra onde? Só porque era eu? E a sua irmã, faria isso? E você, faria?
Minha mãe sempre disse que, no final de tudo, é a família que importa. É a família que sempre está lá. Mas a gente esquece. Nos detalhes do dia-a-dia, a gente esquece. A vida vai passando e a gente... esquece.
Assistindo a Ângela e Cristiane se divertindo juntas, eu me perguntava: Qual é a minha disponibilidade para as pessoas que eu realmente amo?
Com uma coisa tão simples, talvez corriqueira para elas, talvez óbvia e natural para muitos, essas duas irmãs se tornaram especiais pra mim, assim, num dia como outro qualquer. Direto da rodoviária.
Fotos da Oficina
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