Hoje foi especialmente lindo porque eu ouvi um lamento.
Era como se a música falasse comigo e eu ouvisse alguém que chora um choro brando, mas sentido, profundo. Daqueles ais de mães que sofrem. Era como se caísse uma lágrima aqui e outra ali, saídas de um cello, de um violino, de um trompete ou de um fagote - ainda que fagotes não chorem como cellos. Era um lamento doído, mas alegre de tanta beleza.
Não era exatamente saudade, embora pudesse ser. Também não era só tristeza. E de jeito nenhum era desespero. Era fundo, mas com a ternura dos sobreviventes que sofrem calados e sorriem volta e meia. Era uma dor fina e conformada. Uma dor aceita, estacionada. Tinha no som o carinho de cada músico pelo seu instrumento. E o abraço do violoncelista. Só dele. Aquele abraço que na orquestra só quem toca o cello tem. Era, sim, definitivamente um lamento de cello. A dor recebida e guardada depois de alguma luta cansada e em vão. Como o cello, sem opção, encaixado desengonçadamente entre os (a)braços do solista. A dor era solista. E não era.
Era, enfim, um lamento que só queria ser ouvido. Só ouvido. Sem esperar qualquer conforto ou qualquer recompensa. Sem esperar acolhida ou restauração - do deteriorado ou da alma partida. Era um lamento sem esperança. Mas com a felicidade das dores aceitas e superadas.
Era só isso, só um lamento solitário. E que se abria em explosão coletiva. E ecoava. Ecoava no vazio. No vazio de dentro. De dentro de algum lugar. De dentro de alguém.
(E. Elgar - Cello Concerto)
Na Itália não tem brigadeiro.
Mas tem aniversário.
Dia 27 teve o meu.
E o céu aqui é bonito todos os dias.
Portanto auguri, auguri a noi.
O que será que eu fiz em 34 anos?
Depois te conto.
Agora vou namorar o céu.
De brigadeiro.
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