quarta-feira, 2 de julho de 2008

UM CAFFÈ PER ME

Eu me sento no café de uma livraria, em Firenze, olho ao meu redor e vejo o mundo. São cinco mesinhas. Seis com a minha. Eu, brasileira, estou aqui tentando aprender italiano, passando muito calor, procurando alguém que me venda ou alugue uma bicicleta por um mês por menos de 60 euros e prestes a mudar de quarto, amanhã, para um hotel no prédio da escola – o que vai tornar minha vida mais prática e gostosa.

Em uma das outras cinco mesas, um casal de japoneses que acaba de se levantar, rindo muito, depois de conversar bastante – em japonês. Não tenho a menor idéia do que eles fazem aqui, mas ele carrega uma sacola com cara de coisa de ginástica e ela, uma bolsa que imita essas chiques e famosas.

Na outra mesa, uma japonesinha bem branca e menina estuda italiano. Vejo claramente o livro aberto na frente dela. Ela escreve e apaga, escreve e apaga. Ou não sabe nada, ou está praticando muito! Os japoneses são muito bons de vocabulário e todos eles têm um computadorzinho – do tamanho de uma calculadora – com o vocabulário em todas as línguas que existem, até Esperanto! E hoje eu descobri que na língua japonesa não existe preposição, então você imagina que, além de toda a dificuldade da pronúncia, eles ainda têm de aprender a usar antes das palavras essas “letrinhas” que variam por gênero, número, grau e mais um monte de razões que nem tem explicação. Arigatô. E eu me pergunto, mas por que será que os japoneses querem aprender italiano? Va bene. Detalhe: na bolsa da Japinha lê-se: Fauchon. Hmmmmm.

Em outra mesa, um casal muito estranho, tirado dos filmes do Almodóvar (ainda que estejamos na Itália). São italianos. Ela tem um papel na mesa e um lapis na mão, mas não escreve nada porque está muito envolvida na história que conta pra ele e as mãos vão e vêm sem parar, pra cima e pra baixo, BEM italianas.

Na mesa na minha frente, um casal que fala uma lingual impossível de entender. Quase achei que era espanhol, mas não. Agora, pensando, talvez seja catalão, mas não, não, é mais estranho. Eles têm cara de ser de Israel. Os dois usam sandálias havaianas. Ela fala sem parar e ele só escuta porque não tem opção – com uns óculos escuros presos na cabeça raspada. Agora ele começou a falar. E está se vingando dela. Nem respira.

Na última mesa, um grupinho de quarto meninas, típicas adolescentes de qualquer lugar do mundo. É o que mais se vê aqui em Firenze: grupos de adolescentes que podem ser de qualquer lugar do mundo - porque são todos iguais. Até o cantado das conversas é igual. Essas quarto aqui da mesa ao lado provavelmente são turcas. Porque fiz umas amigas turcas na escola e o jeito dessas falarem me remete ao daquelas, então…

Ve bene. Agora a livraria está mais cheia. Mas é enorme, então nem se sente. Curioso: vários cachorros com seus donos. Já contei cinco, só aqui no andar de cima. E os cachorros todos se parecem com seus donos, isso é incrível mesmo. Sempre. Passou por mim até um boxer enorme com um cara igualmente enorme. E um boxer enorme dentro da livraria passa aqui como se nada estivesse acontecendo. Até os cachorros europeus são mais civilizados? Hm. Quem disse que os italianos são mais civilizados? Eu não tenho achado, não.

Ci vediamo domani.
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