quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

REI DA TRAÍRA

Fernão Dias. Péssima. Mas em nós uma alegria tão grande que os buracos ficaram pequenos. Depois da turnê com a peça, pegar a estrada, pra mim, tornou-se um dos maiores prazeres da vida. E cá estou outra vez, a caminho do que ainda não conheço.

Primeiro Tiradentes. Depois, Ouro Preto. E, a qualquer hora, as cidadezinhas por ali. É dia 2 de janeiro de 2008. O ano começa assim.

Faz sol e a estrada é só nossa.
Fome. Onde vamos almoçar?
O Guia 4 Rodas indica o Rei da Traíra. Muitos Kms à frente.
Mas é lá que nós vamos. E umas três horas e pouco depois, lá está ela, a traíra sorrindo para nós na estrada. Lugarzinho bonito, estacionamos felizes. Olás no balcão e... o cardápio, por favor.

- Não temos cardápio, não, moça (com sotaque mineiro). Aqui a gente só serve traíra. É 22 por pessoa. Vem arroz, feijão, uma saladin e traíra frita.
- Mas não tem mais nada????
- Não, uai. Há 31 anos a gente só serve esse prato.

Juro. A minha cara merecia uma foto. Fora a minha vontade de dizer pro rapaz que já estava na hora de eles diversificarem um pouco. HÁ 31 ANOS ELES SÓ SERVEM TRAÍRA!!!! E por 22 reais por pessoa! PelamordeDeus! Eu MORTA de fome! Baita trairagem. E o Guia 4 Rodas nem pra avisar que no Rei da Traíra SÓ TEM TRAÍRA!

Logo adiante, nossa salvação: a Venda do Chico. Comemos um frango com quiabo delicioso, principalmente porque não havia sinal de outro lugar pra comer nas próximas horas.

E, depois do rei furado e do frango com quiabo, toca pra Tiradentes - que de traidor não tem nada, graças a Deus!

PS: Perguntinha antes de sair da estrada: Você já pegou uma alça de acesso da Fernão Dias para outra estrada na CONTRAMÃO?? Não? Que bom. Porque nós já! E não, não é emocionante. A mão sua e as pernas tremem. Mas quando Deus não quer, ninguém morre. Nenhum carro passa apressado. O único e gentil motorista que vem na mão certa no exato momento de nosso devaneio, apenas dá aquela loooonga buzinada e um farolzinho para avisar as meninas deslocadas que elas estão numa contramãozinha, nada sério. Silêncio. Grata.

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