quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

TIRADENTES: que o novo ano me traga luz!

Eu nunca fui para a Europa - ainda - portanto a entrada de Tiradentes parece para mim a chegada ao lugar mais charmoso do mundo! Casarões antigos, lamparinas, janelas enormes, cores, formas, a cara do que eu sempre imaginei que veria na França, na Itália, sei lá onde - porque sou péssima em geografia. Mas, assim, essa cara de coisa linda e "tombada pelo patrimônio público". Sei que pode ser um exagero, mas assim me senti. E mesmo depois da entrada, da saída, da ida, da volta, continuo achando Tiradentes uma pequena Europa. E cada vez que eu entrar nesta cidade, tenho certeza de que vou abrir um sorriso, como o primeiro, hoje.

Cada casinha, cada igreja, cada restaurante, cada lojinha, cada estante: tantos detalhes repetidos, mas que parecem novos em cada lugar. As igrejas cheias de ouro - e eu ainda nem fui para Ouro Preto - e as pessoas cheias de histórias. Um dono de pousada veio dos Estados Unidos e não conseguiu mais ir embora. Uns outros vieram do Rio de Janeiro e abriram seus negócios. Alguns vêm e vão. Alguns enriqueceram loucamente - vimos o carro i-na-cre-di-tá-vel do dono de uma galeria de arte em estanho. A moça que trabalha na nossa pousada "detesta, detesta, de-tes-ta" este lugar porque "não tem nada pra fazer". O cara de um hotel que fomos conhecer vem de moto todos os dias de São João Del Rey e estuda direito para deixar de ser recepcionista. Um bando de gente trabalha na montagem dos palcos para o Festival de Cinema. Os garotos que tocam bateria no carnaval ensaiam na praça. As luzes do natal nas árvoes ainda iluminam a noite, e tudo me parece lindo e mágico.

Todos os dias são de sol. Forte. O que nos dá força para andar muito e visitar tudo, mais de uma vez. Fotos. Fotos. Fotos. Não sei bem para quê. Mas as tiro, sem parar, como se quisesse roubar aquilo para mim. Como se quisesse garantir aquela beleza pra sempre, caso a minha memória se perca.

Quando eu entro na igreja matriz, sou invadida por um sentimento não identificado, mas incrivelmente bom. Lindíssimo. A primeira igreja onde entrei. Pelo que senti, eu já sabia que só vinha coisa boa pela frente.

TRAGALUZ
Os dias em Tiradentes foram de fato iluminados. Há um restaurante ali que parece que condensa essa coisa que a gente sente naquele lugar. O restaurante é famoso. Quem já foi à cidade, conhece. E a nossa experiência por lá também foi boa. Bia e Marco nos levaram. Depois fomos outra vez. A primeira foi melhor do que a segunda. O que me fez pensar que a lugares anunciados como mágicos a gente só deve ir uma vez. Ou não. Sei lá. E é caro. Bem caro.

"Primeiro eu vi a lua. (...) E a água era pura, transparente. (...) Foi então que lavei meus olhos e em seguida minha boca, fazendo renascer em mim paisagens esquecidas, palavras já não ditas, projetos guardados em lugares desconhecidos. (...) - Que o novo ano me TRAGA LUZ!"


Isso foi escrito pela dona do restaurante em 1969, na primeira vez em que ela foi a Tiradentes -daí veio o nome do restaurante que abriu 30 anos depois, em 99!


Nenhum comentário: