domingo, 24 de agosto de 2008

A GENTE SE ACOSTUMA

Todo mundo já deve ter lido aquele texto "Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.". Eu já li mil vezes. E eu sei que eu não devia, mas me acostumei com a grandiosidade de Firenze.

Na primeira vez em que passei por aqui, com a minha mãe, fiquei deslumbrada com as esculturas na Piazza della Signoria, com o Duomo gigantesco, maravilhoso, inacreditável, com as obras de arte a céu aberto espalhadas por cada rua, cada esquina, cada janela, cada parede. Eu andava devagar, olhando tudo devagar. Sempre que passava em frente a alguma dessas obrar imensas, parava pra contemplar aquelas visões. E ficava indignada como tantas pessoas podiam, principalmente à noite, simplesmente se sentar ali pra bater papo e tomar um vinho na escadaria daquela igreja que demorou mais de 200 anos pra ser construída, ou em bares ao redor de todos os monumentos que me enlouqueciam de deslumbre. Eu disse - e acho que até escrevi - que não era possível viver ali como se aquilo, daquele tamanho, nem existisse...

Pois agora lá estou eu, dias e dias, sentada na escadaria do Duomo, conversando em frente à Santa Croce, passando de bici aos pés das estátuas imensas da praça... como se nada estivesse acontecendo. Tudo aquilo está lá e eu me acostumei. Às vezes passo e nem noto. Passo lá tantas vezes que nem sempre dá tempo de olhar. E a vida é assim mesmo.

A gente se acostuma com tudo.
Para poupar a vida?
Será que não devia?
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