sábado, 29 de setembro de 2007

NOMES


Viajamos de Ponta Grossa para Santo Antonio da Platina. Cidadezinha interiorana total. Nosso hotel é bem na frente da pracinha. Bom dEEmais - como dizem aqui.

Vim conversando com o motorista da nossa Van número um, a Vanessa - a número dois é a Vanderléia - sobre NOMES. Ele se apresentou pra gente como JEAN - pronuncia-se com o som do E mesmo, e não Jan. Agora me contou que o nome dele na verdade é JEACIR. Contou também que, um dia, um chileno que viajou com ele perguntou se poderia chamá-lo de AIRTON. Pois. - Mas por que "Airton"?, ele perguntou. O chileno disse simplesmente que era um nome de que ele se lembraria com certeza. Então tá. Ficou Airton pro chileno, pra todos do grupo que viajava com ele e por todos os hotéis e lugares por onde passaram. Já eu, resolvi chamar o Jean, digo, o Jeacir, de GENÉSIO. Por quê? Por nada. Só porque todos nós temos nos dado nomes outros...

JOAZ é JONAS. LÍVIA é LÍGIA, ou SALETE, como resolvi chamá-la a partir de hoje. Não tem razão certa. CRIS é CRISI ou SEVERINO. ANDRÉ é ANTÃO. CIBELE é SIMONE. Eu sou JUSSARA. ALEXANDRE DOS SANTOS é DOS ANJOS. KRUG é TOM KRUIG.

GEORGETTE FADEL é GORETTE MABEL - o nome de que a gente mais gosta.

Se somos um bando de bobos? Ah, claro que não.
Somos shakespeareanos.
Afinal, "o que é um nome"?
Romeu, Julieta, Montecchio, Capuleto...
O nome é simplesmente como quiserem chamar. Isso sim.
Esta cidade, por exemplo, Santo Antonio da Platina,
pode ser Santa Juliana das Ótimas Idéias se eu quiser.
Já quis.

PS: Mãe, quando fui abrir o msn neste micro estava gravado o nome e email da última pessoa que tinha usado... acredite se quiser, mais uma pra nossa coleção, o nome era: daisyjuliana@hotmail.com

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

ADE NÃO!

Sabe o "bem capaz!" do gaúcho e o "até parece!" do paulistano? Então, pelo que entendi é isso que significa o "ade não!" aqui em Ponta Grossa. Vem de "verdade, não!". Viajando e aprendendo... Ade não!

Ponta Grossa está longe de ter o charme de Paranaguá, mas fomos conhecer lugares lindos: Vila Velha e o Buraco do Padre.

Fotos de Ponta Grossa

No Buraco do Padre vivi o meu momento mais feliz desde que chegamos aqui. Imagine um lugar lindo, com cachoeira, no meio do mato, onde você chega depois de andar 13 km numa estrada de terra e de mais uma caminhadinha de uns dois quilômetros. Você bebe muita água até chegar lá. Muito bem. Você já chega lá com vontade de fazer xixi. Mas segura, e esquece. Agora imagine a volta, mais dois quilômetros e mais um pouco de água. Porque você esquece que sua bexiga já tava cheia e bebe. E então a vontade do xixi volta. Você chega no carro que ficou estacionado no meio do nada, no mato mesmo, com muita, mas muita, mas MUITA vontade, insuportável. Mas você é daquelas pessoas que não conseguem fazer no mato, ainda mais num campo aberto e cheio de grama alta, porque sempre uma formiga pica a sua bunda... enfim. Você tenta de todas as formas informar o seu corpo de que será preciso segurar mais, mas a sensação é tenebrosa. O motorista da van tem papel higiênico e te oferece. Você, resignada, agradece, mas prefere segurar e aguentar os 13 km de volta da estrada de terra e mais uns 20 km até o hotel. De repente, como se Deus te ouvisse, você vê, ali mesmo , naquele campo isolado no mato, um banheiro. De verdade. Só ali a alegria já foi incrível. E ainda a descarga funcionou e tinha água na pia pra lavar as mãos. Não me pergunte como, não sei explicar. E juro que aquele banheiro não tava lá quando a gente chegou.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

miudezas em geral

Paranaguá é uma cidadezinha linda!

Fotos de Paranaguá

Caminhei por aí ao som de... confesso, Fábio Jr no i-pod. Mas combinou, juro. A cidade tem uma coisa romântica, o porto, as fachadas das construções antigas, o cheiro, a saudade de alguma coisa, de alguém. Total Fábio.

No Mercado em frente ao Porto tem a lojinha da Dona Vitória. Se ficar muito tempo lá com ela, você compra TUDO que tem lá. E tem coisa paca. Quase uma mini 25 de março. De artesanato. Bem legal. Ah, e ela é simplesmente viciada, obcecada em gravar nomes e desenhos em tudo. Juro. Ela não te deixa sair de lá sem gravar. Já vai pegando a coisa da sua mão, "qual o seu nome? é presente? faço um deseinho? umas gaivotas? posso escrever paranaguá? e vou colocar 2007 aqui pequeninho, tá?!". Tá. Ela é uma fofa. Comprei um chaveirinho do tamanho de um pedacinho do dedo mindinho e ela conseguiu gravar um nome e um coqueiro... "o coqueiro é a minha marca registrada". É vó de dez. Uma figurinha querida. E ela vende lá uns apitos de passarinhos incríveis. Gorete Mabel e Tom Kruig compraram um monte. E o melhor é que ela te ensina a imitar direitinho o barulho do bicho. No final saímos de lá com tanta coisa que ela deu risada e disse: "ai, meu Deus, vou ter que ir MESMO assistir à peça docês...". Vai, Dona Vitória, vai.


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A Ilha

De Curitiba para Paranaguá. Depois da primeira apresentação da viagem, no Sesc Água Verde, pé na estrada. No caminho, fomos passar o dia na Ilha do Mel.

Lindo. Embora, sim, eu deteste praia.
A barca foi divertida... a gente tinha certeza de que aquilo ia virar.
E o spa dos meninos também foi, digamos, bastante inspirado...

Lá na ilha conheci quatro pequenos moradores, com quem construí castelos de areia e pontes sobre areia movediça, de volta às minhas férias da infância em Recife. Total. Tainá, Nina, Yuri e Caio, de 9 anos, e Andrew, de 2. Eles também me fizeram lembrar que meninas e meninos se batem e se amam desde pequenos. Pois.

Fotos da Ilha do Mel

sábado, 22 de setembro de 2007

As Irmãs de Mafra

Conheci Ângela e Cristiane. São irmãs. Ângela tem 40, Cristiane, no máximo 30. Elas são de Mafra, uma cidadezinha de Santa Catarina. Pelo que entendi, Ângela ainda mora lá, em Mafra. Cristiane veio morar em Curitiba. Para estudar, talvez, ou trabalhar. É publicitária. A irmã mais velha veio visitar a menor nesse fim de semana. As duas participaram da nossa primeira oficina e me deram, assim, por acaso, uma aula de disponibilidade e companheirismo.


Ângela se apresentou assim, entre risadas gostosas de quem está onde quer: "Eu sou de Mafra, Santa Catarina. Uma cidade pequena mesmo. Acabei de chegar em Curitiba. Acabei de chegar mesmo. Minha irmã me pegou agorinha na rodoviária e disse que vinha aqui numa oficina de teatro. Ela me convidou e eu vim junto. Assim, direto da rodoviária pra cá. E tô aqui. Pra compartilhar."

Ela é educadora, em Mafra. Eu sou jornalista, em São Paulo. E estamos aqui, as duas, em Curitiba, compartilhando um momento da vida. Assim, por acaso. Mas porque Ângela é generosa e porque sabe a inportância de visitar uma irmã que mora longe. E de participar.

E então eu me pego pensando... Eu teria convidado minha irmã? Ela teria dito Vamos? Viria comigo? Ainda dieto da rodoviária? Faria comigo uma cena, duas, três? Participaria do meu mundo um pouco? Sem nem passar em casa pra deixar as malas? Se eu dissesse simplesmente Vem e me segue, ela viria? Sem saber pra onde? Só porque era eu? E a sua irmã, faria isso? E você, faria?

Minha mãe sempre disse que, no final de tudo, é a família que importa. É a família que sempre está lá. Mas a gente esquece. Nos detalhes do dia-a-dia, a gente esquece. A vida vai passando e a gente... esquece.

Assistindo a Ângela e Cristiane se divertindo juntas, eu me perguntava: Qual é a minha disponibilidade para as pessoas que eu realmente amo?

Com uma coisa tão simples, talvez corriqueira para elas, talvez óbvia e natural para muitos, essas duas irmãs se tornaram especiais pra mim, assim, num dia como outro qualquer. Direto da rodoviária.

Fotos da Oficina

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Sobrevivência

Só para registrar, porque achei engraçadíssimo, ao lado do nosso hotel há um lugar intitulado "Clube dos Solteiros". A entrada é enorme, quase aquelas entradas de Igreja Universal... mas não pude entrar porque está fechado. Não descobri por quê. Diz lá que tem site: http://www.clubedossolteiros.com/ - mas a página está em construção.

Mais curioso ainda é que, colada à entrada do Clube dos Solteiros, e ainda sob a fachada do lugar, há uma portinha com uma escada que dá para a "Academia de Sobrevivência Urbana" - http://www.sobs.com.br/ .

Não é interessante? Ou você arranja um amor, ou aprende a sobreviver.
Hrum.

Causos, Lendas e Crendices... e o Tailandês

Foi dessas surpresas que acariciam a vida.

Saímos para passear pelas ruas do centro de Curitiba. Primeiro a gente ficava se perguntando se as pessoas sabiam que nós éramos turistas. Claro que sim. Bermudão, regata, boné... em plena tarde de uma quinta feira de trabalho no meio de setembro. Solzão. Estávamos a caminho do Relógio de Flores, meio sem rumo. O centro de Curitiba era quase São Paulo, mas eis que, de repente, atravessamos uma avenida por uma galeria subterrânea e saímos em Ouro Preto. Quase isso, vai. Construções antigas, com aquele colorido rústico desse tipo de cidade histórica - transformada - mas com o visual conservado. Barzinhos, museus, igrejas, tudo ali junto, antigo e novo. Nada de extraordinário no fundo, mas profundamente lindo naquele momento. Parecia que nunca tínhamos visto aquilo. É engraçado como a gente se acostuma a morar em São Paulo e então qualquer coisinha diferente é linda. Mas era mesmo.


Enfim, continuamos caminhando e de repente eu vi uma entradinha, que dava para um corredorzinho e havia uma placa que dizia TEATRO CULTURA. Obviamente entrei. Do lado esquerdo uma loja de artesanato, logo em seguida a portinha de um bar, o Escondidinho e, no fundo, um teatro. Parede lilás, e uma antesala com as paredes todas forradas de tecido florido, daqueles que a gente vê ou via na casa da tia mais velhinha ou nas fotos da vó... da bisavó. Já, de cara, achei uma graça.


- Tem alguma peça em cartaz hoje?
- Tem, sim. "Feira Popular de Causos, Lendas e Crendices", às 19h. A entrada é 1 Kg de alimento. Começa aqui mesmo nessa salinha e depois a gente abre a porta e vai revelando o espaço do galpãozinho lá dentro - me disse e mostrou um homem maaagro, que mais tarde descobri que era um dos atores da peça.

Enfim, adorei. Eram 18h. Vamos? Vamos. Compramos ali na panificadora uns pacotes de macarrão e fomos.

Atrasou. Tomamos uma cerveja no Escondidinho. Brindamos à nossa viagem. Criamos nomes artísticos para o André - que veio de produtor. Deco Gonçalves. E nada de começar a peça. Sete e 10, e 15, e 20, e meia, e 40 e 50... Deus! Vai ter peça?

- Vai, sim. A gente só tá esperando o grupo da escola.

E, então, neste momento, o corredorzinho é invadido por duas dezenas de algumas das senhorinhas mais simpáticas que já vi na vida... Fofas. Depois eu soube, porque perguntei pra elas, que são de uma escola de alfabetização para adultos, e estavam indo -a maioria - pela primeira vez ao teatro!

Chegou então uma tia velha - um ator - e nos convidou para entrar na casa. E então começou a contar causos, crendices... As senhorinhas, amando! Conversando com os atores! Participando com tanta alegria, só vendo! Eu, não sabia se assistia à peça ou à platéia. E lá fomos nós, andando pelo pequeno galpão transformado em vários ambientes, entre a casa da tia, a venda da moça das simpatias, e coredores com histórias, gravações sobre os sonhos e mais o que você quiser. Só sei que foi uma experiência incrível estar ali com aquelas senhoras - e tinha umas crianças também, filhos, netos... Uma delícia estar ali com aquelas pessoas que participavam pela primeira vez do TEATRO! Elas amaram, deu pra ver. Foi bem lindo mesmo.


Saímos de lá mais de 21h. Um frrrio inacreditável! Caminhamos de volta pro hotel e achamos, por acaso também, um restaurante Tailandês charmozérrimo no caminho, pertíssimo do Nikko (nosso hotel). Decidimos jantar lá. Para abrir a nossa jornada. E, olha, não podia ter sido melhor.

Fotos há, ainda bem. Veja todas:

Ruas de Curitiba e As Senhorinhas no Teatro

Jantar Tailândês

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Primeira vez na estrada


Eh, sempre tem. A primeira vez. Esta eh a minha.
Primeira vez na estrada com um espetaculo.
Gota d'Agua. Chico Buarque.
Dois meses pingando pelo Brasil.
Apresentações e oficinas. Gente.

Hoje saimos de Sao Paulo e chegamos a Curitiba.
Sol. Calor. E muita expectativa.

Espero que a alegria me siga. Por todos os umbrais.