sábado, 18 de junho de 2011

EU NÃO SOU TURCA!


13 de junho de 2011: embarcamos rumo a Beirute, no Líbano, com escala em Istambul, na Turquia - minha amiga-irmã Carole e eu. Passamos um dia e meio em Istambul, conhecemos os pontos turísticos do centro. Deus me perdoe, inclusive a parcela muçulmana de Deus, se houver, mas não gostei, não. Tsc, tsc. Detestei. Principalmente o povo.

Minha mãe disse que eu não peguei o espírito da coisa. Pode ser. Mas não quero mais saber de otomanos e bizantinos. Talvez porque eu só tenha ficado no centro, não fui ver a parte "rica e linda" da cidade. Não sei. O que sei é que, depois de conhecer a Turquia, entendi porque os libaneses não são TURCOS! E nunca mais me chamem de turca. Eu não sou turca, sou libanesa! E uma coisa não tem absolutamente NADA que ver com a outra.

De qualquer forma, foi interessante pensar que eu estava em Constantinopla.

TRIPULAÇÃO CAMPEà
e A MARAVILHOSA BULLOCK

O avião da Turkish é incrível. A tela de cada poltrona é enorme. Mais de 50 opções de filmes, um monte de séries, clássicos, desenhos. Mil e oitocentos joguinhos. E o controle remoto vira telefone pra falar com os outros lugares. Assisti a THE BLIND SIDE, oscar da Sandra Bullock - que filme maravilhoso! Jogamos até tranca no avião, a viagem foi tranquilíssima. Pena que os tripulantes turcos eram as pessoas mais sem carisma do planeta. A loira tingida que nos atendeu ganhou o prêmio "miss mau-humor aéreo". Juro, nem UM sorriso durante treze horas de vôo.

TURCOS, ME DEIXEM EM PAZ!

In-su-por-tá-vel. Os homens turcos, generalizando, são insuportavelmente inconvenientes. Se eu voltar a Istambul, vou andar de burca. Porque sem, foi uma tortura. A cada passo, algum homem te chama, sussurra palavras turcas, tenta puxar conversa, insiste pra você entrar na loja ou comprar alguma coisa, anda do lado pra ver se você dá papo, fica olhando, diz good morning buon giorno buenos dias bom dia, assim tudo junto, pra ver se você responde. Me vieram até com um "vai lá em casa" - em português mesmo. Mui-to-cha-to. Acaba com o humor de qualquer uma. Ainda mais eu...



O ESCREVEDOR DE PRATOS e A MULHER MISTERIOSA

Gülnar (Iular) e Adem. Conheci primeiro ela. Estava na praça, nessa banquinha de pratos escritos em caligrafia, sozinha. Eu disse que queria um prato com meu nome. Com um inglês cheio de sotaque, mas bem falado, ela pediu pra eu voltar mais tarde, porque o marido escrevia melhor e já vinha. Fomos jantar, voltamos. E nunca mais eles nos deixavam ir embora... Foi a coisa mais estranha que aconteceu em Istambul, entre todas as estranhezas.  Gülnar e Adem eram, ao mesmo tempo, legais e esquizofrênicos. Cada um tem dois dentes na boca. Talvez três. Ela é muito simpática, mas se num minuto estava brincalhona e falante, de repente fechava a cara e parecia querer bater na gente. Além de turco, ela fala inglês, italiano, árabe, talvez francês... mas quando perguntei sobre a vida, de onde veio, como aprendeu essas línguas, disse apenas que aprendeu inglês na barriga da mãe, que casou com Adem sete anos atrás, e que sua história antes disso é muito triste pra contar. Não gosta. Só quis falar sobre o nome. Não nasceu Gülnar. Seu nome verdadeiro signifca "não precisamos de você". Não é muito estranho? E então ela resolveu mudar e adotou Gülnar, nome da namorada do ator que ela amava quando era jovem e "very crazy". Quando eu contei que ia pra Beirute, ela disse: pois então eu vejo Beirute através dos seus olhos. É inteligente, culta e educada. A imagem da mulher que a gente vê não combina com o que tem dentro. Como será que ela acabou vendendo pratos numa praça turca e quase sem nenhum dente na boca? Jamais saberemos. Ela até prometeu que me contaria tudo se eu voltasse no dia seguinte, eu disse "Mil e Uma Noites", e ela, culta mesmo, riu: I am Sherazade.

Adem só fala turco. Gülnar faz tradução simultânea. Eu disse que ele era um artista e ele respondeu que eu é que tinha olhos que sabiam enxergar a arte. Bastou esse elogio, pra ele nos mandar sentar e esperar um pouco. Mas esperar o quê?  "Wait, wait, please". Eram dez da noite e meus pratos já estavam prontos. Para encurtar a história, ficamos lá sentadas até a meia-noite, enquanto ele escrevia nos pratos de outras pessoas. E, então, ele fez mais dois pra mim. Nesse meio tempo, nos deu melancia,  foi buscar café pra nós, comprou nossas fichas pro bonde e ainda não queria me deixar pagar os pratos. Pirou. E não acabou. Porque foi aí que eles nos fizeram jurar que passávamos lá no dia seguinte antes de ir pro aeroporto. Juramos, né, fazer o quê? Pois no dia seguinte ganhamos mais pratos, e eu só pensava em como ia carregar tanta louça! E pegaram meu e-mail, meu telefone, tiraram foto, demos abraços, beijos. O Adem disse que vai pro Brasil e eu vou virar caligrafista para trabalhar com ele. Foi, mais ou menos, um pedido de casamento. Aff.


BRASILEIRA!
Não sabemos se pelas roupas, pelos cabelos, pelo andar... não sabemos, mas todos os turcos do Grand Bazaar sabiam que éramos brasileiras. A gente passava e eles gritavam "brasileira!". Claro, junto com isso vinha todo o resto da chatice machista e sem respeito do "vem cá, escuta aqui, olha aqui, só um minutinho da sua atenção"... Muito chatos. Muito chatos!! E caras de pau! Imagina começar o preço e alguma coisa em 170 e acabar em 40! Aconteceu. Juro. Mas confesso que, mesmo assim, dava vontade de comprar tudo! Como ia ser difícil carregar, acabamos não comprando quase nada. Um dó. - Atenção você que tem bom gosto e é rica: viaje para a Turquia com uma mala bem grande e vazia e vá para Istambul fazer compras no Grand Bazaar. Sua casa vai ficar divina, cheia de detalhes interessantes. Mas, por favor, vá de burca, para evitar os vinte mil chatos na sua orelha...

BOCA DE OURO

Fomos passear de barco pelo Bósforo. Esta mulher estava lá. Juro. Assim, com esses dentes dourados. Como se nada... Surreal.

Quase inacreditável. Só não quase porque eu vi com meus próprios olhos - e registrei pra sempre com minha própria câmera.




2 comentários:

Livia disse...

Quanta coisa em apenas 2 dias! Eu já tinha ouvido falar que os turcos são "exagerados", quanta inconveniência, hein? e essa mulher, Ju????rsrsrsrs muito bom! adorei!

Ricardo Torrichelli disse...

Show as fotos do blog,a turkish não tem um atendimento dos melhores mesmo,voltei semana passada de Istambul um mal atendimento até São Paulo...
Adorei a boca de ouro chic em kk Parabens pelas fotos ...