segunda-feira, 27 de outubro de 2008

DIAS BUENOS

Aqui em Buenos Aires confirmo todos los dias o que descobri em Firenze: viajar para uma cidade ou morar nela são duas coisas completamente diferentes. Por mais que eu tente fazer turismo aqui, não consigo. Não sou turista em Buenos Aires, mesmo querendo, mesmo tentando. Mesmo quase tendo perdido meu castellano fluente.

Não sou turista porque, ainda que eu não viva aqui sempre, tenho uma casa, uma vida com rotina de levar criança na escola e pôr pra dormir, fazer almoço, jantar, supermercado... então moro. E aí, quem consegue ter os olhos que eu tive para Londres, Viena ou Praga? Quem é que sai de casa e vai passear o dia inteiro pelas calles portenhas? Quem consegue ir visitar o túmulo ou o museu da Evita, a feirinha de San Telmo (meu lugar favorito), o estádio do Boca Juniors, o zooloógico, o Caminito, o Puerto Madero ou a casa do Gardel? Quem consegue? Eu não...

Em compensação, há dias de sol, festinhas de aniversário, pique-niques com a Sofia e longas conversas malucas com histórias inventadas madrugada adentro. E isso é tão bom quanto fazer turismo em Buenos Aires. É até melhor, eu acho.

PS. Para constar: esta cidade está mais cara do que nunca!

domingo, 19 de outubro de 2008

DEZ HORAS DE SEPARAÇÃO

Voar de São Paulo a Buenos Aires não costuma ser uma tarefa difícil, complicada ou demorada. Mas desta vez fui sorteada.

Da minha chegada para o check-in no aeroporto de Guarulhos, em SP, às 8h30 do primeiro domingo com horário de verão, até eu ganhar o abraço delicioso da Sofia às 18h30 no Ezeiza, em Buenos Aires, foram dez horas de tédio, sono, fome e exercício de paciência com o chá de poltrona que a TAM deu nos passageiros do vôo 8010. E ouvi comentários não muito animadores enquanto esperávamos. Embora a tripulação tenha sido muito gentil e prestativa, parece que não vai ser surpresa se a companhia estiver andando mal. Espero que não, já que tenho "orgulho de ser brasileira".

Foi uma soma de atrasos sabe-se-lá-por-quê e problemas no computador da caixa preta: quase duas horas esperando para embarcar, depois mais duas dentro do avião, e mais uma e pouco até sairmos de uma aeronave e nos re-acomodarmos em outra. Para, enfim, decolar. Nada disso importava quando eu sabia que estava indo ver minha irmã e minha sobrinha - com esse sorriso que me arrasa -, mas pode importar para os "anais jornalísticos"... rs. Registremos, então, duas observações, já que aqui se deve escrever.

Pois, veja, em cinco meses lá no outro contninente, não aconteceu nada parecido. Salvo um atraso de duas horas na chegada do trem que me levaria de Budapeste a Praga, todas as outras viagens, por terra ou por ar, foram bem pontuais. Até na Itália caótica. Então por que a gente não consegue?

Por outro lado, como é gostoso ser brasileiro. Mesmo com todo esse transtorno, estávamos lá (quase) todos os passageiros de bom-humor, falando alto, rindo, descobrindo as histórias uns dos outros, correndo atrás do cachorro-rato que viajava com a gente dentro do avião, e tentando achar saídas divertidas para os coitados que iam perder a conexão para outros lugares.

Portanto dez horas não são nada perto do tempo e do espaço que nos separam das gentes dos outros continentes. Somos muito mais legais.

COCÔ XIXI PUM
Enfim, desembarco no Ezeiza meio zumbi e não vejo ninguém. Mas como? Minha irmã e a Sofia disseram que estavam aqui! Dou uma voltinha ao redor de mim mesma, ansiosa, mas antes de eu ter tempo de pensar no que fazer, sou agarrada de amor! Um micro-ser de cabelos cacheados e uma flor bem no alto da cabeça me abraça por trás com força e com o maior sorriso da argentina, e me diz assim: Tchia Chuuuuli, disculpa qui a chênti não táfa aqui quanto cê saiu, é que éu fui no bánhêlu facê cocôôôô!!!!!!!!

Buenos aires nos esperam.
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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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daqui para baixo:
EUROPA
(abril a setembro de 2008)

depois, mais pra baixo
CIDADES MINEIRAS (janeiro de 2008)
TURNÊ COM A GOTA D'ÁGUA PELO BRASIL (set a nov de 2007)

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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

È FINITO.


Acordei com os cachorros latindo, tive que pegar o carro para ir até a padaria e descobri que o sonho acabou. Tem pão-de-queijo, tem brigadeiro, tem guaraná, tem leite-moça, mas o sonho... acabou. È finito. Estou no Brasil. De volta. Cinco meses depois, sono tornata a casa.

Já parece que eu nunca saí daqui.

Mas eu sei que saí, sei onde fui, sei o que vi, sei o que senti, sei como voltei, e por quê
. Si, io lo so. Lo so. Case, libri, auto, viaggi, fogli di giornale... Che anche se non valgo niente perlomeno a te, ti permetto di sognare. E se hai voglia, di lasciarti camminare. Scusa, sai, non ti vorrei mai disturbare...

...até a próxima viagem.
Presto. Prestíssimo.
Magari!
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